Um pouco de história sempre faz bem. Li recentemente o livro “Relatório Cruls”, a mim presenteado pelo amigo Dr. Luiz Carlos Borges Ribeiro, geólogo da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. A obra descreve o percurso da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, encarregada de demarcar em 1892/93, onde seria o Distrito Federal e, por conseguinte, a nova Capital do Brasil, Brasília.
Liderada pelo competentíssimo engenheiro e geógrafo belga Luiz Cruls, a comissão teve como integrantes doutores nas diversas áreas do conhecimento, a saber: Astronomia, Geodésia, Agrimensura, Cartografia, Medicina, Farmácia, Geologia, Botânica, além de valiosos auxiliares.
Consta no livro em Português da época: “A 09/06/1892 partia a Comissão do Rio de Janeiro para Uberaba, ponto terminal da linha férrea da Companhia Mogyana. Chegando a Uberaba cuidou-se immediatamente da organisação dos meios de transporte quer para pessoal quer para o material... Só a 29 de junho acharam-se terminados os aprestos e a Commissão poz-se a caminho”. Daqui pra frente leitor(a), o lombo de burros e mulas era a condução, passando pelos lugares mais inóspitos possíveis.
Chamou-me a atenção o número de vezes que Uberaba é citada no livr 44. Nenhuma outra cidade no percurso entre Rio de Janeiro, São Paulo, Goyaz, Pyrenopolis e Formosa/GO, é tão citada. Daí se constata a importância da Terra de Major Eustáquio àquela época nos campos: econômico, social, geográfico e outros. Sem dúvida, conclui-se que o zebu já dava as cartas aqui e expandia a sua forte influência mundo afora. E mais, que o dia 2 de março de 1820 é o marco nascedouro de Uberaba, porque em 1892 já possuía 72 anos. Em 1856, como querem muitos, ela teria apenas 36 anos e não poderia ter tanto potencial.
Você, filho(a) de Uberaba, saiba que sua a amada terra foi ponto de referência geodésico para a demarcação do retângulo de 14.400 quilômetros quadrados, formador do Distrito Federal. Tal fato não foi por acaso.
“Relatório Cruls” é livro de leitura obrigatória.