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Reflexão diante de uma criança

É espantoso como nós nos acostumamos diante dos acontecimentos

Padre Prata
thprata@terra.com.br
Publicado em 25/12/2011 às 22:12Atualizado em 19/12/2022 às 20:49
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É espantoso como nós nos acostumamos diante dos acontecimentos por mais inacreditáveis que eles sejam. Coisas sérias se tornam vulgares. Nem sequer mais olhamos para os milagres que se multiplicam ao redor de nós. Aos poucos, coisas incríveis se tornam banais, perdem seu sentido mais profundo e caem na mediocridade.

Nós nos acostumamos com os dons que Deus nos concede todos os dias. Que acontecem todos os dias, em todos os momentos. Não vemos nada.  Tornaram-se coisas sem importância, sem mistério. O equilíbrio do universo. A visão de tudo o que gira ao nosso redor.  O dom de nossas mãos. A profundidade de nossa mente. Podemos nos locomover. Podemos contemplar o sorriso daqueles que nos amam. Vivemos num jardim e nem sequer tomamos consciência que tudo aquilo nos foi dado gratuitamente. Somos cegos.

Penso em nossa cegueira porque hoje é Natal. Estamos dentro de um inefável acontecimento que se tornou banal. Se pensássemos sensatamente nem sequer acreditaríamos: o Filho de Deus nasceu pobre. (Coisa banal, nem pensamos nisso...).

Filho de pais pobres, um carpinteiro e uma garota de apenas quinze anos. Sem parteira.

Sem nada apropriado. Nenhum recurso. Puseram-no num cocho. É isso mesmo, num cocho. A poesia que mascara a tragédia fala em “manjedoura”. Ameniza o fato. Põe tudo limpinho como se fosse um jardim. Só nos esquecemos que havia mau cheiro de dejetos de animais, burros, carneiros, jumentos. Muita baba no capim da manjedoura. Foi ali que Ele nasceu e ali o depositaram. Moscas aos milhares. Ambiente de provocar vômitos. Ele, Jesus, nasceu assim. Alguma vez em sua vida, você refletiu sobre isso? Não, não pensou. Eu também não. É um fato banal. Coisa corriqueira. É melhor pensar no Papai Natal, vestido de roupas de inverno, feio, risada de débil mental. Procure as casas de negócio. Vemos milhares deles. Gostamos deles, nos dá presentes, dá lucro. O Menino Jesus não dá lucro. Ele nos dá nossa Salvação. Mas, não pensamos muito nisso.

O aniversário de hoje não é desse velho idiota vestido de vermelho. O dono da festa é outro. Onde está Ele?

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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