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Reflexões sobre a imperfeição humana

Alguém na Grécia antiga andou escrevendo que tudo na natureza tem o seu oposto

Padre Prata
Publicado em 16/04/2011 às 20:21Atualizado em 20/12/2022 às 00:47
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Alguém na Grécia antiga andou escrevendo que tudo na natureza tem o seu oposto. O bom e o mau. O útil e o imprestável. O alto e o baixo. O manso e o revoltado. O mão-aberta e o avarento. O rancoroso e o que perdoa. Se estiver dizendo uma tolice, corre por conta do filósofo. Afinal, não somos obrigados a crer em tudo o que os filósofos afirmam. Pelo sim ou pelo não, há sempre oportunidade para reflexão. Se há duas faces dentro de cada um de nós, o que nos reconforta é que, na maioria dos homens, domina o lado positivo, o lado bom. Se alguém tem tendências para a esquizofrenia, há bilhões que são sadios. Se há o bandido, há o justo. Milhões.

Tudo isto é para refletir sobre o que chamam de maldade humana, no caso do recente assassinato daquelas crianças. Analisemos a vida daquele jovem, do matador. Sua origem, sua “família”, sua constituição psíquica, sua educação, seu relacionamento, as agressões sociais que sofreu, suas humilhações. Podemos chamá-lo de monstro? Por pior que tenham sido seus crimes, merece nossa piedade e não o nosso ódio. Seja o que tenha sido, é um filho de Deus. Nosso dever é orar pelos pais, pelas crianças, por todos os envolvidos, mas principalmente orar pelo atirador desvairado. É ele quem mais precisa. Alguém pode dizer que foi totalmente culpado? Não terá sido ele a consequência de um conjunto de fatores negativos e destruidores? Espero que estejam me entendendo e não venham me acusar de que estou defendendo bandidos.

Vou voltar em 1945. Talvez você nem seja daquele tempo. O Presidente dos Estados Unidos da América do Norte, que dizia cristão e frequentava Igreja, que lia a Bíblia e se orgulhava de seu poderio bélico, tomou uma decisão que assombrou o mundo. Deu ordem para que bombardeassem duas cidades japonesas. Uma, Hiroshima. Outra, Nagazaki. Duas cidades indefesas que nada tinham com aquela guerra. Duas bombas atômicas que mataram mais de 300 mil seres humanos, entre eles, milhares de crianças inocentes. O pior é que muita gente gostou daquele “grande feito”. Agora um problema meu: se coloco um na frente do outro, não sei como julgá-los. Qual o pior?

Adolf Hitler, o famoso “fuhrer” da Alemanha, durante seu governo, matou mais de seis milhões de judeus nas câmaras de gás. Para ele, o alemão era raça pura, o judeu não era ariano, era raça ruim. De muitos deles fizeram sabão.

Stalin eliminou 17 milhões de opositores na Rússia. Na Bíblia você vai encontrar o brilhante feito de Josué na destruição de Jericó. Ele botou na cabeça que Deus lhe ordenara eliminar aquela cidade matando todos os seres vivos, inclusive os animais.

Os atos criminosos nos assustam, nos revoltam. É justo, abominamos o mal. Mas não podemos nos esquecer de que a maioria dos homens são bons. De alguns sabemos, muitos conhecemos, mas a maioria deles são anônimos que não alardeiam os bons atos que praticam. Há santos por toda a parte, esbarramos neles e nem sabemos da grandeza do coração que escondem dentro do peito.

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