Reflexões sobre a História

É de suma importância o trabalho do grupo da Biblioteca Municipal Bernardo Guimarães criando um novo instrumento de pesquisa, a SABI. Acessando o site www.estantevirtual.com conseguiram, vasculhando sebos,  quase meia centena de livros de escritores uberabenses há anos fora do mercado e esquecidos.

É importante a recuperação de nossa História já em grande parte perdida. Tem razão Arnold Toynbee quando afirmava que a História é um grande iceberg do qual apenas 10% da verdade nos são conhecidos.

Creio que não é necessário ficar insistindo na importância da pesquisa histórica para se conhecer a alma de um povo. Por isso é que a literatura “histórica” era tão valorizada na Antiguidade clássica. Hoje, os processos de pesquisa da Historiografia estão submetidos a leis rigorosas, o que não acontecia nos tempos antigos. Não se inventam mais, não se romanceiam mais os acontecimentos. Nem a própria Bíblia escapa desse rigor. Não há mais os concursos dos contadores de história, como nos tempos de Homero, Virgílio, Tucídides, quando a imaginação poética era fator importante. Hoje, não suportariam uma crítica em profundidade. É impossível acreditar no que conta Homero. Penélope é pura imaginação como é fruto da fantasia os fundadores de Roma, Rômulo e Remo terem sido amamentados por uma loba. Ninguém acredita nos fatos heróicos de César contados por ele mesmo. Nem mesmo a Bíblia está isenta de erros históricos.  Os onze primeiros capítulos do Gênesis são pura mitologia. Adão, Eva, Abel, Caim, o pecado original, o dilúvio de Noé e sua arca, na qual foi acolhido um casal de todos os animais da terra são mitos. Já pensaram num casal de dinossauros dentro daquele barco?

É interessante a distinção que fazem os ingleses entre “history” e “story”. Uma, conta os fatos históricos, reais. A outra, são fábulas, contos da carochinha, fadas, gnomos, sereias e outros seres fantásticos.  Em português, muitos fazem esta distinção. História é uma coisa, estória é outra.

Perdoem-me pela digressão. Volto ao início para deixar bem claro que a “História” é a alma de um povo. Ela nos revela seu “ser”, sua vida, suas criações, suas lutas, seus heróis, sua voz, toda sua alma.

Mais uma vez está de parabéns o grupo da Biblioteca Municipal, de modo especial o pessoal da SABI (Sônia, Antônio Carlos, Luciane, Adriana, Tiago, Viviane, João Sabino, Mário Salvador, Luciene, Taline, Marilda e todos os outros que, pela senectude, não consigo me lembrar).

Atualmente, na área da cultura, excelentes empreendimentos estão sendo realizados pelo Arquivo Público e pela Biblioteca Municipal. Li nos jornais que o Arquivo conseguiu vários documentos com o ex-prefeito Arnaldo Rosa Prata. Quem sabe o mesmo doador nos fará presente da coleção do jornal “Gazeta de Uberaba”?  Afinal, vale a pena acreditar em milagre.

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