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O Brasil foi tomado no mês de junho último

Guido Bilharinho
Publicado em 24/07/2013 às 21:15Atualizado em 19/12/2022 às 11:53
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A INSATISFAÇÃO NAS RUAS - OS MANIFESTANTES AINDA NÃO VIRAM TUDO

O Brasil foi tomado no mês de junho último por manifestações de insatisfação, protesto e reivindicações de proporções inéditas até então.

A palavra chave do fenômeno é insatisfação. Insatisfação generalizada contra o estado das coisas no país. Se há (e há) progressos, instalações e condições inimagináveis até mesmo há trinta ou quarenta anos atrás (imagine-se antes!), os desmandos, a incompetência, a desonestidade, o oportunismo, a falta de caráter, a carga tributária, a burocracia, a violência e a insegurança também multiplicaram-se, permeando e afetando o tecido social.

Os manifestantes que foram às ruas para expor essa legítima insatisfação, além de merecerem todos os elogios, exceto, obviamente, os baderneiros, os vândalos e os meliantes, nem sentiram ainda, pela idade da maioria, a tragédia de um país injusto e engessado.

Se percebem que, com exceção de poucas e sofridas entidades culturais e assistenciais privadas, a maioria absoluta das organizações partidárias, sindicais e ongs de diversas matizes pautam-se por interesses particulares de seus dirigentes, ou, quando menos, por ideologia, não representando senão a si mesmas, ainda não enfrentaram as angustiantes filas dos atendimentos públicos. Se acham absurdos os gastos com estádios, futuros elefantes brancos a darem só despesas (mas, contraditoriamente, muitos são contra seu arrendamento a particulares), não tiveram de amargar meses para simples averbação em registro público e nem pagar taxas exorbitantes só para registrar mera ata de eleição de diretoria de entidade cultural absolutamente destituída de finalidade lucrativa.

Se, com sobeja razão, repudiam a maioria dos candidatos e dos eleitos pela sociedade (e não políticos, que são outra coisa, rara no Brasil atual) para os executivos e legislativos, nunca atentaram que eles têm de gastar fortunas nas campanhas eleitorais (talvez, em média, uns três milhões de reais para deputado federal), ainda correndo o risco (certo para a maioria) de não serem eleitos. Então, como candidamente pretender que só idealistas se candidatem e como exigir que quem paga ou tem de obter meios de custear os gastos de sua eleição vá representar o “povo”? Sobre isso, aliás, ninguém fala! Por quê? Como também pouco se fala e se escreve contra os excrescentes fundo partidário e imposto sindical.

Ao contrário, investem até contra o fundo público eleitoral, que deverá ser gerido e aplicado pela Justiça Eleitoral e não pelos partidos, proibidas totalmente outras fontes de custeio e outros gastos, oriundos até mesmo dos próprios candidatos, com o que, e só assim, haverá a decantada democracia no país, possibilitando a candidatura de todo cidadão no gozo de seus direitos e a ser exercitada em campanhas eleitorais regulamentadas.

(Continua)...

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