Como escrevo esta coluna antes do jogo do Uberaba Sport Club contra o Democrata de Governador Valadares espero que as coisas possam ter acontecido como esperava a torcida, ou seja, que a vitória...
Como escrevo esta coluna antes do jogo do Uberaba Sport Club contra o Democrata de Governador Valadares espero que as coisas possam ter acontecido como esperava a torcida, ou seja, que a vitória que deixaria o colorado no chamado G 8 possa ter acontecido. Caso contrário, a maré terá piorado ainda mais. É incrível, mas a situação do glorioso alvirrubro, que já foi de Boulanger Pucci, só tem piorado nos últimos tempos fora de campo. Nada está tão ruim que a cada dia não possa piorar um pouco mais. E faz bastante tempo que está assim. Há quem diga que a degringolada colorada começou para valer no dia em que o Conselho Deliberativo se reuniu no antigo Clube de Campo Cascata para a escolha de uma nova diretoria. Estava programado para que o médico – e um dos maiores abnegados do clube – Constantino Jorge Calapodópulos aceitasse ser o presidente, tendo como vice o empresário João Laerte Maciel, o Joãozinho, do Arroz do Padre. Como é de praxe, o presidente do Conselho Deliberativo solicitou que quem estivesse disposto a assumir a diretoria se manifestasse. De forma até surpreendente o empresário Geraldo Pró Pão, de pouca história no clube, pediu a palavra e disse que gostaria de assumir o cargo de presidente e que tinha com ele um grupo de apoiadores. Constantino e João Laerte desistiram da ideia inicial e o destino do Uberaba Sport Club começou a mudar definitivamente. Atualmente se o clube colorado for fazer uma ficha cadastral em qualquer estabelecimento de crédito, por exemplo, no item patrimônio ele só poderá relacionar: uma torcida fiel e apaixonada, o mais bonito hino do futebol brasileiro e uma camisa vermelha e branca de quase 100 anos de tradição e história. Nada mais lhe sobrou. Todos os bens móveis e imóveis que ele teve um dia já não lhe pertencem mais. Embora a “bomba” tenha explodido nas mãos da atual diretoria, não se pode dizer que a culpa por tantas perdas tenha ocorrido por causa dela, tampouco que ela não tenha contribuído de alguma forma. Isso somente o tempo irá dizer. DIFICULDADES SEMPRE As coisas não estão maravilhosas para o Uberaba Sport Club há bastante tempo, mas até uns anos atrás sempre foram administradas satisfatoriamente. Até mesmo bons presidentes como Dr. René Barsan, Pedro Valter Barbosa, Edward Lopes, Luciano Rangel Pinheiro e outros, tiveram suas dificuldades, mas souberam superá-las de uma forma ou de outra. Outros dirigentes, no entanto não tiveram a mesma sorte, ou competência, e suas administrações contribuíram, umas mais outras menos, para que o clube chegasse ao ponto em que se encontra hoje. COMEÇO DO FIM Com Geraldo Pró Pão teve inicio a pior fase administrativa do colorado. Talvez até com boa intenção foi com ele que o clube se meteu na maior enrascada financeira de sua história. O tal Show da Xuxa, planejado para levar mais de 30.000 pessoas ao Uberabão, acabou de levar o último e mais valioso patrimônio do clube: o Estádio Dr. Boulanger Pucci. E que nem o mais otimista dos torcedores acredite na possibilidade de que ele um dia voltará a ser usado numa ficha cadastral como bem do Uberaba Sport Club. Com muita sorte, e bota sorte nisso, ele poderá vir a ser usado por mais algum tempo de favor ou em um comodato com data de vencimento e muitas cláusulas restritivas. A situação de momento é a seguinte: ou o Estádio Boulanger Pucci vai para o consórcio que o adquiriu em leilão público ou é desapropriado pela Prefeitura Municipal e se torna, em curto ou médio prazo, numa área verde ou de lazer. Voltar para o clube só se o Sargento Garcia prender o Zorro. É o que garantem os entendidos. DÍVIDAS E MAIS DÍVIDAS Há quem garanta também que mesmo que o Uberaba consiga receber os 2 milhões que serão pagos pelos arrematadores, ou arrematantes, ele não conseguirá pagar todas as suas dívidas. Além das ações que levaram BP a leilão existem muitas outras: trabalhistas, do INSS, do FGTS, de fornecedores etc, etc, etc,. Assim como a perda do Clube de Campo Cascata não resolveu nenhum problema, a do Estádio Boulanger Pucci também não deixará o clube livre do terrível problema das dívidas. É história para ser contada em muitas páginas de livros, que um dia – quem sabe – serão escritos por alguém QUAL É A SOLUÇÃO? Embora possa assustar e contrariar muita gente, não vejo nenhuma solução possível em curto prazo, diferente da drástica troca de CNPJ. Se o Uberaba Sport Club não tem crédito, não tem sequer como receber doações como esta que a Prefeitura Municipal tentou fazer no jogo de ontem, como irá sobreviver? Qual a razão de continuar existindo, a não ser a sua memória de quase 100 anos? A sua história é linda e grandiosa, mas não ajudará a salvá-lo, como não ajudou a salvar o seu patrimônio. Querendo ou não os mais fanáticos e tradicionalistas acredito que não haverá outra saída a não ser encerrar esta etapa de 100 anos do Uberaba Sport Club e de começar imediatamente outra do Uberaba Esporte Clube, Uberaba Futebol Clube ou qualquer outro nome que queiram lhe dar, sobrando-lhe como herança do “velho colorado” a torcida, o hino e a camisa vermelha e branca já estará bom demais.