Caro amigo leitor, não vai ser desta vez, novamente, que vou escrever sobre o código de carcereiro II – o retorno –, só na próxima oportunidade.
Ninguém, em sã consciência, pode dizer que não defende sua cria em situações de perigo, é ínsito do ser humano sair em defesa de sua prole, o repente vem do nada, uma força inexplicável nos leva a agir dessa maneira. É o chamado instinto animal de sobrevivência.
Todavia, recentemente, estamos assistindo verdadeiros ataques em defesa da prole, cu$te o que cu$tar. Falo de cátedra, na qualidade de professor universitário. Lido diariamente com jovens em sala de aula, converso a respeito do futuro, do que pretende fazer, vai advogar ou prestar concurso público.
Daí, nesse convívio, evidencio atitudes não muito recomendáveis no sentido de que, em breve, estarão em campos opostos. Verdade. Percebo que determinados alunos, mesmo antes de entrar na faculdade, já detêm um plano determinado e que sua execução é questão de tempo. Nada contra, faz parte do jogo.
Agora, tem uma questão que não pode deixar de ser mencionada. Vou explicar. Existem alguns predestinado$ que já entram na faculdade com uma senhora vantagem, inclusive, com o nome que carrega, mais ainda, depois de formado essa vantagem é abissal.
Traduzindo para os acontecimentos recentes, refiro-me, conforme jornais de ampla divulgação, redes sociais, etc., ao caso da filha do ministro Fux – do STF –, que está disputando uma vaga para o quinto constitucional do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Nada contra o desejo e direito da filha do Sr. Fux. É advogada inscrita nos quadros da OAB, devidamente em dia com suas obrigações, pelo menos imagino dessa maneira, do contrário, jamais poderia estar disputando.
Daí, pelo que li nos últimos dias, o ministro Fux tem ligado para os conselheiros da seccional fluminense – pessoas que participam da votação – recordando fatos passados, inclusive festa de casamento de sua filha candidata, entre outros assuntos, conforme publicado pela Folha de S.Paulo no dia 22/09, segunda-feira.
Caro leitor, na qualidade de advogado e professor universitário, caso isso esteja realmente ocorrendo, não tenho dúvida em dizer: estamos no fim da linha, é o verdadeiro caos, para não dizer outra coisa. Um ministro da mais alta corte – STF – fazer o uso do cargo e de suas prerrogativas, pegar um telefone e ligar para os conselheiros lembrando que sua filha é candidata, entre outras recordações. Não acredito que isso esteja acontecendo; tem mais, dizem que outra filha de uma autoridade caminhou no mesmo sentido. De tempos em tempos, hoje, mais cotidianamente, escutamos coisas estranhas. Onde está nossa OAB? Será que vai ficar como está?
Do auxílio moradia, ninguém fala mais nada! Ah, inclusive, o mistério, ops, Ministério Público já pediu extensão dessa imoralidade. Não é o fiscal da Lei? Estão tratando desigualmente os iguais! Não sei onde vamos parar! Sr. Ministro Fux, Vossa Excelência, está com a palavra. Do contrári que coisa feia, ministro! Data venia! Não é instinto de sobrevivência, mas sim maledicência.
(*) Advogado e professor universitário
