Quando eu partir para o mais-além, mandem-me flores e cantem também as cantigas...
Quando eu partir para o mais-além, mandem-me flores e cantem também as cantigas da minha infância. Cantigas de ninar, cantigas de roda, cantigas de Natal. Ah! O Natal! Mamãe enfeita o cipreste, vovô faz a prece, os sinos acordam a noite. A surpresa dos presentes, os abraços, a festa, os brindes, a algazarra, as crianças.
Natal! A família à mesa por Vovó preparada. Ah! Que riqueza os avós tive! Sempre vivos nas lembranças de ontem.
Quando eu partir... cantem os amores de minha mocidade, a ternura de olhares, as confidências mudas de carícias cálidas.
Quando eu partir... cantem que fui forte na fragilidade, que me fiz médico por amar à Vida, por querer à gente! Que encontrei no amor de uma mulher o descanso e a parada das andanças sem destino; que ela abençoou meus dias com o encanto de nossos filhos! Que fui poeta de verve romântica, de peito amante, de gratidão!
Quando eu partir... anunciem que voltarei nas trilhas da Vida para o reencontro com os que mais amei!
(*) Médico uberabense, atualmente residindo em Nova Odessa (SP)