ARTICULISTAS

Qual é a diferença?

João Eurípedes Sabino
Publicado em 25/08/2022 às 19:09Atualizado em 18/12/2022 às 14:06
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Vi certa vez um cãozinho sentado sobre as patinhas traseiras em frente à porta do prédio onde eu trabalhava. Ele se mantinha imóvel e, segundo fui informado, estava esperando sua dona, que fora ao dentista no sétimo andar. Um jovem vestido de cowboy, a caráter, saiu do elevador dando passos largos com suas botas sobre a rampa, rumando para a rua.

Uma das passadas do jovem acertou em cheio o abdômen do indefeso animalzinho. Ao invés de atuar com piedade, o furioso e assustado rapaz aplicou mais dois chutes no coitadinho. As pessoas que assistiam à cena ficaram atônitas e revoltadas, porém nada puderam fazer, senão dar carinho àquela frágil criatura. Enquanto isso, o tirano moço desaparecia. Hoje o caso desaguaria na polícia. Dei-lhe de presente uma crônica que, se foi ouvida ou lida por ele, tenho certeza que jamais ofendeu a qualquer animal.

Vale aqui expressar o óbvi animal é animal, criança é criança, mas assisti a algo recentemente e posso afirmar que os “quase irracionais” existem nos mais diferentes lugares. Em pleno salão de um restaurante, certo pai, ao “educar” seu filho, desfechou um soco no tampo da mesa, que, além de emitir alto som, fez perplexas todas as pessoas que ali estavam. Eu fui uma delas. A mãe do menino, literalmente constrangida, tentou explicar o episódio, mas se complicou toda.

O menino (de mais ou menos 8 anos) murchou totalmente diante de todos e seu pai injetou mais uma: – “Se você fizer de novo, vai ser pior!”.

Todos os presentes reprovaram aquele disparate, enquanto que o trio – pai, mãe e o garoto – ficou perdido e isolado no ambiente. Marcas profundas foram impressas neles e nós jamais esqueceremos o episódio. Com tantas testemunhas, aquele caso encaixaria como um par de luvas nas mãos do Conselho Tutelar, ou do Ministério Público.

Qual é a diferença entre a ofensa ao cãozinho que abriu esta crônica com o menino que recebeu do pai um baita murro no tampo da mesa? A meu ver, NENHUMA, porque nos dois casos estava presente o pensamento da truculência. Quando falta a docência, comparece a violência; isto aprendi ao estudar Logosofia. “Toda ação gera reação, igual e de sentido contrário”, frase esculpida por Isaac Newton. Só que o mestre não disse quando... O autor dos chutes no cãozinho ficará ileso? E o pai do menino, estará forjando um ser revoltado? Todos sabem a resposta.

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