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Qual a razão do choro?

No meu tempo de juventude, quando o pessoal era mais politizado, eu me empolgava muito com reformas. Pregava abertamente a necessidade urgente de reformas das estruturas

Padre Prata
Publicado em 17/10/2009 às 20:18Atualizado em 20/12/2022 às 10:02
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No meu tempo de juventude, quando o pessoal era mais politizado, eu me empolgava muito com reformas. Pregava abertamente a necessidade urgente de reformas das estruturas. Entre elas, a reforma agrária. Ora, naquele tempo, querer mudar as coisas (o status quo) era ser comunista. Por causa desse entusiasmo tive que responder a inquérito militar e uma série de humilhações.

De questões agrárias e pecuárias não entendo absolutamente nada. Os arroubos juvenis ficaram para trás.  Por isso é que não dou palpite naquilo que não entendo. Mesmo assim, continuo achando que há muita coisa errada por aí. É por isso que ando preocupado com certos acontecimentos, embora não tenha ciência de quê ou de quem esteja atrás de tudo isso que está errado por aí. Deve ser gente da pesada.

O Movimento dos Sem Terra (MST) já me foi muito simpático. Sempre defendi o direito do agricultor a um pedaço de chão. Como dizia minha vó Sinhá (aquela que fumava charutinho comprado na venda do Zé Amâncio), “fruta boa também apodrece”.

O tempo foi passando, as boas intenções foram apodrecendo e entrei em pânico quando vi aquelas imagens de tratores arrasando laranjais, máquinas quebradas, casas incendiadas, laboratórios de pesquisas arrebentados. O que se ganha com isso? Ou melhor, quem está ganhando com isso? Aonde se quer chegar? Vi o repórter perguntando a uma jovem por quê estavam destruindo aquelas laranjeiras. Ela respondeu na bucha: “Nóis não come laranja, nóis come é feijão”. Assim fiquei sabendo que, para comer feijão, é preciso acabar com as laranjas.

Enquanto acontecia toda essa baderna campal, nosso Presidente (que sempre não sabe de nada) estava lá na Dinamarca, chorando convulsamente por ter sido a cidade do Rio de Janeiro escolhida para as Olimpíadas de 2016. Quando projetaram a construção do Maracanã, o orçamento foi de 30 milhões. Acabou tudo em 300 milhões.  Essas Olimpíadas foram orçadas em 35 bilhões. Se ficar por 100, vai ficar barato. Por que nosso Presidente chorou tanto? Eu acreditaria mais em suas retas intenções se ele chorasse por causa dos problemas na área da saúde, da educação, da segurança, da droga, da corrupção na área política e judiciária.

Para terminar: o Brasil é a oitava economia do mundo. Em compensação, ocupa o setuagésimo quinto lugar em índice de desenvolvimento humano. É o quarto maior emissor de gases poluentes. O desmatamento gera vinte por cento da emissão de gases que ameaçam o planeta. 

Nosso Presidente tem muito por quê chorar... Ou ele não sabe?

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