Não sou afeito a previsões, no entanto, Evódio é meu amigo e, por isso, faço uma concessão à minha vaidade cedendo espaço para as suas previsões.
Não sou afeito a previsões, no entanto, Evódio é meu amigo e, por isso, faço uma concessão à minha vaidade cedendo espaço para as suas previsões. Segundo Evódio, haverá neste ano de 2009 várias previsões, algumas saídas da boca de economistas e outras de auscultadores de fantasmas, e alguns ganharão dinheiro fazendo previsões, colhendo simpatias e antipatias com elas. Haverá neste ano acidentes nas rodovias. Muita gente comerá menos, vários tentarão largar o cigarro e não conseguirão, outros, sim. O consumo de bebidas se manterá com uma inclinação para mais. Casais passarão os seus parceiros para trás, sem conseguir passá-los para a frente. Pessoas importantes se casarão e outras se divorciarão. Teremos empregados puxando o saco do patrão, assessores dando rasteiras em colegas de trabalho e haverá demissões. Embora, se a crise econômica chegasse ao Brasil, chegaria ao Triângulo Mineiro, exceto em Uberaba, devido às previsões. Teremos choro e ranger de dentes de apaixonados e de abandonados. A adoção diminuirá e o número de filhos por família da elite e da classe média também. Entretanto, o número de animais de estimação por residência aumentará. O vestibular da rede federal será o bicho-de-sete-cabeças dos estudantes; as cotas para negros continuarão a ser criticadas; vários pais da rede particular continuarão inadimplentes com as mensalidades escolares. Alguns homens tenderão a competir com algumas mulheres, com leve gesto à vaidade, ao cosmético e à depilação corporal. Os alimentos tenderão a ser light, zero de gordura trans, mas a insanidade da guerra e da fome me manterá. Os jornais serão lidos cada vez mais pela internet; os livros tenderão a ser eletrônicos, entretanto, sempre haverá um analfabeto por perto. Algumas pessoas continuarão acreditando em previsões e os espertos continuarão a fazê-las e os bobos a lê-las, quando não, a comprá-las ou ouvi-las pelo rádio ou TV. Os governantes tenderão a falar de algo que ninguém entende para poder explicar o que não farão; as entidades classistas se dirão apartidárias, e não políticas. No entanto, indicarão os seus técnicos em nome da contribuição pessoal ao governo. Os ricos continuarão a chorar miséria e os pobres não reclamarão da miséria, só do preço do pão, da cerveja e do coletivo. Os poetas continuarão mentirosos; os cronistas, donos da verdade; os colunistas articulados. As colunas sociais se manterão em alta e as festas de 15 anos tenderão a ceder espaço para algo menos ridículo do que a exposição de poder. O Congresso só definirá sobre as eleições às vésperas do pleito; o PSDB e o PT terão candidaturas próprias à presidência; várias candidaturas a deputado estadual e a federal serão lançadas por Uberaba e região, mas nem todas terão êxito. As pessoas continuarão supersticiosas e mercadoras de fé. Entretanto, haverá espaço para a esperança, a solidariedade, a caridade e o romantismo para aqueles que quiserem cultivá-los. (*) Professor gilcaixeta@terra.com.br Gilberto Caixeta escreve às terças-feiras neste espaço.