Há mais ou menos doze anos, certo jovem, trabalhando numa fazenda próxima a Uberaba, foi vítima do fato aqui narrado: um conjunto formado por trator/roçadeira cortava o capim que nascia
Há mais ou menos doze anos, certo jovem, trabalhando numa fazenda próxima a Uberaba, foi vítima do fato aqui narrad um conjunto formado por trator/roçadeira cortava o capim que nascia entre dois galpões de granja para evitar a incidência de cobras, que comiam os frangos. Saindo de um galpão para entrar no outro, aquele trabalhador desprotegido, ao girar a cabeça, recebeu uma pedra exatamente no olho esquerdo, arremessada pela roçadeira que trabalhava a quarenta metros de distância.
Como se fosse a bala de um pequeno canhão, o tal pedaço de pedra basalto teve o mesmo efeito do projétil e só não avançou cérebro adentro porque o diâmetro da arcada óssea era menor. O trabalhador ficou ensanguentado no solo, e o tratorista só percebeu a cena ao retornar com a máquina acidentária.
Felipe Massa, nosso campeão de Fórmula-1, no dia 25/07/09, na Hungria, teve a mesma surpresa: o seu capacete de alta resistência, a viseira e a arcada óssea acima do olho esquerdo foram atingidos por uma mola espiral de aço desprendida do carro de Rubinho Barrichello. Ambos rodavam a quase 300km/h! Rubinho também não percebeu a cena. Analisando-se tecnicamente os dois fatos, pode-se concluir três pontos sobre os mesmos: 1º - ambos os acidentes poderiam ter sido evitados. 2º - a probabilidade para que ocorram é de 1 para milhões. 3º - tudo se resume em falha humana.
Por que os acidentes são evitáveis? Por que eles são sempre obra do homem? Tentam inverter essa lógica a todo custo. O trabalhador da fazenda, o piloto Felipe Massa e qualquer outro vivente estão sujeitos às mesmas Leis. O aprimoramento da segurança corre em paralelo com a “perspicácia” do acidente, ou seja, um mínimo descuido basta para que ele se materialize. Um reduzidíssimo e até “desprezível” parafuso desapertado pode explodir uma espaçonave...
O jovem braçal da fazenda, em trabalho rude, perdeu uma vista. Felipe Massa, em máquina sofisticadíssima, quase perdeu a vida. E qual a diferença entre os dois? Nenhuma. Ambos foram vítimas do descuido humano, que é a porta de passagem para todos os acidentes, sem nenhuma exceção.
(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro