ELEIÇÕES 2024

Candidata do União diz que depressão a impediu de fazer campanha; ao todo, 7 pessoas foram ouvidas

Processo é movido pelo Podemos e ex-candidata a vereadora que obteve apenas dois votos disse não ter feito campanha por questões de saúde

Gisele Barcelos
Publicado em 23/01/2025 às 20:59Atualizado em 24/01/2025 às 07:30
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Justiça Eleitoral ouviu nesta quinta-feira (23) sete pessoas para apuração de suposta fraude na cota de gênero pelo União Brasil nas eleições proporcionais do ano passado. Um dos depoimentos foi da ex-candidata a vereadora Kilvia da Silva, que teve apenas dois votos e resultou na denúncia apresentada contra o partido.

Segundo apurou a reportagem do Jornal da Manhã, Kilvia justificou que fez uma campanha limitada porque enfrentou problemas de saúde e não teve condições de participar de eventos por estar doente no período.

Ela ainda confirmou que o perfil nas redes sociais é privado e que a única postagem referente à candidatura foi feita na véspera do pleito, porém argumentou que estava em quadro de depressão e decidiu por ficar afastada temporariamente das redes sociais.

Testemunhas também foram ouvidas em favor de Kilvia na audiência realizada ontem. Uma das pessoas relatou que marcou quatro reuniões para que a então candidata pudesse pedir votos, mas ela não teve condições de comparecer devido à questão de saúde. Além disso, foi apontado em outro depoimento que a ex-candidata chegou a pedir votos a vizinhos do condomínio onde mora.

O presidente do União Brasil em Uberaba, Heli Andrade, também foi ouvido pelo juiz José Paulino de Freitas para esclarecer sobre a formatação da chapa de vereadores do União Brasil.

Autor da denúncia, o Podemos, apresentou duas testemunhas para prestarem depoimento. Ambas são pessoas que estão na lista de amigos da ex-candidata nas redes sociais. Eles relataram que a única manifestação online sobre a candidatura ocorreu na postagem feita na véspera do pleito.

Além disso, foi apontado nas declarações que postagens sobre assuntos diversos foram feitas no perfil durante o período da campanha, mas nenhuma referente a política.

Procurado pela reportagem do Jornal da Manhã, o advogado do Podemos, Raphael Miziara, declarou apenas entender que a fraude eleitoral está caracterizada no processo, apesar da justificativa de problemas de saúde apresentada pela ex-candidata.

O advogado salientou que análise é objetiva com base nos requisitos estabelecidos para caracterização de fraude e todos estão presentes no caso, como a ausência de atos efetivos de campanha e a votação inexpressiva da suposta candidata.

Direção do partido nega irregularidade e acredita na manutenção da bancada

Presidente do União Brasil, Heli Grilo, foi um dos ouvidos na audiência de instrução pelo juiz José Paulino (Foto/Arquivo)

Presidente do União Brasil, Heli Grilo, foi um dos ouvidos na audiência de instrução pelo juiz José Paulino (Foto/Arquivo)

Rechaçando acusação de fraude na cota de gênero, o presidente do União Brasil, Heli Andrade, declarou estar confiante que a chapa de vereadores do partido não será cassada e que a sigla vai manter as duas cadeiras conquistadas na Câmara Municipal na atual legislatura.

Segundo o dirigente partidário, é possível comprovar com tranquilidade a participação das candidatas femininas na campanha, porém, não é possível controlar a quantidade de votos recebidos. “A votação caiu para todas, não para uma só. Não veio a votação que a gente esperava”, argumentou.

Já o advogado do União Brasil, Rodrigo Souto, acrescentou que a defesa apresentou elementos à Justiça Eleitoral para comprovar que não houve candidatura feminina fictícia na chapa de vereadores da sigla. “Demonstramos que a candidata [Kilvia da Silva] teve complicações de saúde no decorrer do período eleitoral e isso impediu de realizar a campanha conforme tinha planejado. Foi uma campanha mais sucinta e modesta, mas ela foi candidata sim e desempenhou atos de campanha. Naturalmente, por estar adoecida diante de uma depressão, não conseguiu realizar os atos que pretendia”, salientou.

Sobre a inatividade até nas redes sociais, o representante jurídico do partido declarou que a situação já havia sido esclarecida nos autos do processo e foi também explicada na audiência. Segundo ele, a candidata optou pelo afastamento das redes sociais devido ao quadro de depressão. “Uma pessoa em crise depressiva não consegue ter contato social. Quanto ela se sentia melhor e mais disposta, fez ações corpo a corpo com pessoas próximas. Mas o estado de saúde não permitia que ela saísse para a rua, fizesse reuniões e carreatas. Por causa dessa limitação, ela não tinha condição de ver postagens de outros candidatos de coisas que ela não estava conseguindo fazer porque ficava mais debilitada. Então optou por se afastar das redes”, argumentou.

Souto reforçou que a ausência de postagens referente à candidatura nas redes sociais não é um fator para contestar a participação da candidata no processo eleitoral. Ele argumentou que a legislação não determina o formato de campanha eleitoral, sendo opção dos candidatos focar em estratégias digitais, presenciais ou em ambas.

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