Partidos de centro estão acelerando as negociações para criar uma alternativa eleitoral às candidaturas do presidente Lula (PT) ou do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A proposta é que as legendas se unam oficialmente, via federação, incorporação ou fusão. O prazo para que os partidos decidam um rumo comum seria meados do próximo ano, ainda em tempo de construir o nome de um candidato para as eleições presidenciais de 2026. A informação foi dada pelo deputado federal Aécio Neves (PSDB), ex-governador e ex-senador mineiro.
“A razão para eu ainda estar militando na política é estar ajudando a construir uma ampla aliança ao centro, que possa defender um projeto em 2026, que pode ser do PSDB, mas não precisa ser do PSDB. Nós temos que ter a grandeza de que, solitariamente, nós não teremos condições de conduzir um projeto viável. Mas hoje mesmo eu entro em uma agenda com liderança de outras forças partidárias para que, até meados do ano que vem, esse é o nosso deadline, nosso limite de tempo, para que possamos anunciar a ampliação de nossa federação ou mesmo a fusão com outros partidos que nos deem musculatura”, disse o parlamentar.
Aécio Neves foi o entrevistado desta quarta-feira (11 de dezembro) no quadro Café com Política da FM O TEMPO 91,7. O parlamentar afirmou que o objetivo é criar uma alternativa que seja “liberal na economia, inclusivo do ponto de vista social, pragmático nas relações internacionais, sem alinhamentos ideológicos automáticos, mas que seja um projeto de inclusão que permita o Brasil a sair da paralisia e construir um futuro melhor para a sua gente”, diz.
Na avaliação do ex-governador mineiro, as eleições municipais mostram que há uma “desidratação dos extremos”, com um desgaste na polarização eleitoral entre Lula e Bolsonaro. “Eles (PT e Bolsonaro) ganham quando avançam de alguma forma ao centro. Pode ser algo tímido ainda, mas é um sinal para mim bastante claro de uma reorganização da política brasileira”, avalia. “Essa avenida ao centro se alargou muito nas eleições deste ano”, diz Aécio.
O parlamentar considera que o PT fez um movimento ao centro deixando de defender as pautas de esquerda, o que reafirma a necessidade do PSDB de reforçar suas posições. “O PT vota as matérias do centrão, da mesma forma, com os mesmos métodos, avança sobre o orçamento com a mesma volúpia que o centrão faz e abdicou muito tempo em defender teses de esquerda. A esquerda hoje é representada, talvez, pelo que o Boulos diz em São Paulo ou o Freixo no Rio de Janeiro, e por isso o PSDB precisa se afirmar claramente de centro, com alianças com a centro-direita, se for necessário”, destaca.
A entrevista foi concedida aos jornalistas Thalita Marinho e Flávio Souza.
Fonte: O Tempo