Durante encontro de líderes, Brasil vai propor candidatura única latino-americana de uma mulher para liderar a ONU
Presidente Lula participa nesta quarta-feira (9) de Cúpula da Celac, em mais uma tentativa de fortalecer o multilateralismo como resposta a ações como o recente 'tarifaço' anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump (Foto/Ricardo Stuckert /Presidência da República)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta quarta-feira (9), em Honduras, da 9ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), bloco que reúne 33 países da região.
No encontro, os presidentes discutem temas globais de comum interesse, com foco na integração da região. De acordo com o Itamaraty, o "tarifaço" anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada, não deve ser discutido, já que a declaração da Cúpula vem sendo discutida há algum tempo e foi praticamente concluída há três semanas.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, já em Honduras, defendeu o fortalecimento do grupo diante do "refluxo do unilateralismo e do protecionismo".
Dentro dessas ações de fortalecimento do multilateralismo, o Brasil vai propor, durante a Cúpula, uma candidatura única latino-americana para o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que ficará vago no próximo ano. Embora não seja regra, há um acordo informal de rotatividade entre continentes para a vaga, e o Brasil entende que seria a vez da América Latina de ocupar o cargo mais alto do órgão.
"Pelo esquema de rotatividade regional, a gente entende que caberia à América Latina e ao Caribe, então, estamos propondo que os países se unam, comecem a trabalhar em torno de uma candidatura única, o que nos dá chance de fazer valer esse princípio da rotatividade", destacou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina do Ministério das Relações Exteriores, em entrevista à imprensa, no último dia 3.
Termina no ano que vem o mandato do atual secretário-geral da ONU, o português António Guterres. O sucessor ou sucessora deverá ser escolhido pela Assembleia Geral.
Até hoje, a ONU nunca foi liderada por uma mulher. Por isso, o governo Lula deve propor que a cúpula considere uma mulher para o cargo. Entre os nomes cotados, estão o da primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, e o da ex-presidente do Chile Michelle Bachelet.
"Na nossa proposta [de declaração da Celac], existe um parágrafo sobre isso. Nunca houve uma mulher secretária-geral da ONU, nós temos candidatas de grande peso político, intelectual e de liderança [internacional]. Não haveria razão para não ser, mas vamos trabalhar isso com a Celac", acrescentou Padovan.
As discussões devem englobar também a interação do bloco com países de fora da região — como China e União Europeia — bem como os recentes casos de deportação de latino-americanos dos Estados Unidos.
Além da participação na cúpula, Lula tem espaço aberto na agenda para encontros bilaterais com presidentes ou ministros estrangeiros. No fim do dia de quarta-feira, o presidente também participa da cerimônia de transferência da presidência do bloco de Honduras para a Colômbia.
Fonte: O Tempo