A morte da estudante no interior de escola é investigada pela Polícia Civil, mas o processo corre em segredo por se tratar de menores
O colégio permaneceu fechado nessa sexta-feira e colegas da estudante, vizinhos da escola e amigos realizaram homenagens (Foto/Divulgação)
A trágica morte da estudante de 14 anos, aluna do 9º ano do Ensino Fundamental, dentro de uma sala de aula no Colégio Livre Aprender, em Uberaba, ainda gera forte repercussão e profunda comoção na cidade. O crime, que aconteceu na manhã de quinta-feira (8), na avenida Afrânio de Azevedo, bairro Universitário, foi presenciado por colegas e professor e deixou a comunidade escolar em estado de choque.
A jovem foi assassinada com três golpes de faca no tórax, desferidos por um colega de classe, também de 14 anos. Segundo relatos colhidos no local, o adolescente se levantou durante a aula, aproximou-se da vítima, entregou-lhe uma folha de caderno com uma mensagem – cujo conteúdo ainda não foi revelado – e, em seguida, cometeu o ataque. A ação foi rápida e ocorreu diante dos demais alunos e do professor da turma, de 41 anos, que imediatamente acionou os funcionários da escola e solicitou socorro.
O pai da vítima, que trabalha na própria instituição de ensino, foi um dos primeiros a tentar socorrer a filha. Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), com uma Unidade de Suporte Avançado (USA), estiveram no local, mas a gravidade das lesões impediu qualquer possibilidade de reanimação. A jovem morreu ainda dentro da sala de aula.
Após o crime, o autor fugiu pelos fundos do colégio, em direção à área dos campos da Uniube, nas proximidades do clube Uirapuru. Informações fornecidas por colegas de turma foram essenciais para que a Polícia Militar conseguisse traçar a rota de fuga. O adolescente foi encontrado por uma guarnição da Patrulha Rural à margem da avenida Filomena Cartafina, próximo aos condomínios Damha. Ele não resistiu à abordagem e foi conduzido ao 67ºBPM, no bairro Santa Marta, onde foi registrado o Reds (Registro de Eventos de Defesa Social) e seus pais foram chamados.
Durante o interrogatório, o adolescente confessou ter descartado a faca utilizada no crime. O objeto foi posteriormente localizado por policiais, cravado em um tronco de madeira em área de mata, conforme a indicação do próprio infrator. A faca, bem como o celular da vítima, o celular do autor, o celular do pai da vítima e materiais escolares contendo anotações foram apreendidos e encaminhados à Delegacia de Plantão da Polícia Civil para análise.
Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o adolescente foi autuado em flagrante por ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado. O procedimento foi realizado com a presença de seu representante legal. O menor foi apresentado ao Ministério Público, que seguirá com as medidas legais cabíveis, conforme estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O corpo da vítima foi encaminhado ao Posto Médico-Legal, onde passou pelos exames de praxe, sendo liberado à família ainda na tarde de quinta-feira. O velório e o sepultamento ocorreram nessa sexta-feira (9), em clima de dor, indignação e comoção. A despedida da adolescente mobilizou familiares, amigos, colegas de escola e moradores da região. Durante o velório, marcado por orações, homenagens e profundo pesar, o sofrimento dos pais e a perplexidade dos presentes deixaram clara a devastação provocada por um ato de violência sem precedentes no ambiente escolar local.
A investigação do caso segue sob responsabilidade da Polícia Civil, que continuará a análise do material recolhido e a oitiva de testemunhas. Em razão da legislação vigente, por se tratar de menores de idade, o inquérito tramita sob sigilo.
A comunidade escolar permanece abalada e autoridades locais têm reforçado a necessidade de medidas preventivas, apoio psicológico às famílias e segurança nas instituições de ensino.