Não se pode dizer, apesar de suas boas campanhas nos últimos campeonatos mineiros, que o Ituiutaba foi guindado à condição de um dos grandes do futebol brasileiro. Provavelmente, ele ainda está bem longe disso. No entanto, não se pode negar que o “Boa” vem mostrando a cada ano, como se deve fazer futebol no interior e como se deve disputar um campeonato estadual. O time do Pontal continua sendo pequeno, mas ninguém pode acusá-lo de se acovardar diante de qualquer adversário, seja interiorano como ele, ou um grande da capital. Este ano, a audácia da equipe tijucana começou logo na primeira rodada, quando veio ao Uberabão e surpreendeu o Uberaba, conquistando os primeiros três pontos de sua bela campanha. Depois, fez bem o dever de casa, e quando ousou jogar fora de suas características de time valente, a diretoria não pensou duas vezes, e mesmo estando na vice-liderança do campeonato, mandou o treinador medroso embora. Ao longo da competição foi uma equipe sem grandes craques, mas guerreira. E, por pouco, não depenou o Galo no primeiro jogo do iluminado Estádio da Fazendinha. No Parque do Sabiá não só impediu o Verdão de chegar à segunda fase do campeonato, como ajudou a sua primeira vítima da competição a conseguir um lugar entre os oito classificados. Se não fosse aquele empate do “Boa”, a boa campanha do outro vizinho talvez não tivesse sido comemorada. Na terça-feira (14) consegui ver um jogo inteiro pela televisão, com interesse e prazer. Mesmo quando nos minutos finais do jogo, o placar do Mineirão chegou aos costumeiros 4 a 1, de quando um dos grandes da capital enfrenta um pequeno do interior, permaneci satisfeito com o futebol apresentado pelos tijucanos, ao longo de toda a partida. Ficou provado que a diferença estrutural e técnica entre as duas equipes é enorme, mas que a garra e a vontade de encarar o adversário de igual para igual do time do Ituiutaba foram dignos de elogios. O time foi valente enquanto teve forças para enfrentar um adversário muito superior. Tomou o primeiro gol, reagiu chegando ao empate, que sustentou até os minutos finais. Quando faltaram “pernas” para o time de Ledo Xavier, sobrou talento para Ramires, que construiu a jogada do segundo gol cruzeirense. Esgotado fisicamente o Ituiutaba se entregou e tomou mais dois gols, em poucos minutos. Quem não viu o jogo, e só ficou sabendo o resultado depois, não pode avaliar a bravura do time triangulino. Provavelmente, será goleado novamente na segunda partida, mas, pelo menos para torcedores como eu, que gosto de ver os pequenos enfrentando os grandes com garra e coragem, ele agradou plenamente. QUAL É O SEGREDO? Até há pouco tempo o futebol profissional não conseguia se firmar em Ituiutaba. Ora o Ituiutaba, ora a Ituiutabana, durante algum tempo o União Tijucana, uma fusão momentânea dos dois tradicionais clubes da cidade disputavam os campeonatos mineiros das diversas divisões. De uns anos para cá o Ituiutaba passou a surpreender. Tem se firmado como o principal time do Triângulo Mineiro, deixando para trás os tradicionais Uberaba e Uberlândia, e brilhado em competições como a Taça Minas Gerais, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro da Série C. Aqueles que garantiam que era apenas “fogo de palha” dos tijucanos, já estão mudando de opinião e não cansam de repetir a pergunta: qual é o segredo do Ituiutaba? Na minha opinião o segredo deles é ter coragem de inovar, isto é, montar equipes diferentes daquelas que os outros clubes do interior mineiro insistem em montar, todos os anos. Enquanto a maioria dos clubes interioranos comete os mesmos equívocos, rodando jogadores velhos conhecidos dos torcedores, a maior parte em final de carreira, com inúmeras passagens por vários deles, o Ituiutaba muda a cada campeonato. Não importa se a campanha deste ano foi boa, no ano que vem ele aparece com um time todo renovado. Lá não se segura jogador por ser bonzinho ou por amizade. A fila anda a cada final de campeonato e a torcida está sempre motivada na competição seguinte. Os adversários fazem piadas. Falam que os dirigentes de lá são maus pagadores e que os jogadores nunca recebem seus salários corretamente. Parece não ser verdade. O time é tocado por dois irmãos que são os seus “donos”. É pouca gente para dar palpite e mandar. Parece que esta fórmula está dando certo. Não faltam patrocinadores. A Prefeitura Municipal investe no time e o único político de maior expressão, que nem mandato tem no momento, é o principal patrocinador da equipe. Pelo menos é seu nome que aparece no lugar de maior destaque na camisa. E isto acontece há muito tempo e não as vésperas de ano eleitoral. É claro que a torcida não é tão numerosa como a de algumas cidades vizinhas, mas também é muito fanática e apoia sempre o time. O seu estádio é considerado pelos adversários o pior do Estado, mas não tem importância, o clube sabe transformá-lo em um bom aliado, realizando a maioria dos seus jogos ali, quando o termômetro aponta a temperatura máxima em Minas Gerais. É assim, com pequenas malandragens e com muita coragem e criatividade, que o Ituiutaba Esporte Clube vai se consolidando como a terceira força de Minas Gerais, mesmo estando há quase 1.000 quilômetros de distância, rodoviária e técnica, dos dois primeiros colocados do Estado. FORÇA NAÇA Embora muitos acreditem que o Nacional Futebol Clube está morto ele vem dando, nos últimos dias, sinal de vida. A falta de condições para disputar a última divisão do futebol mineiro, anunciada pela diretoria recentemente, parece estar mexendo com os brios dos alvinegros. Mais de um grupo de empresários, e abnegados, que estão se movimentando para evitar a “morte” definitiva do alvinegro. Tomara que ele volte a se erguer com a raça de sempre. Será muito bom para o futebol de Uberaba e da região. BOM DOMINGO A TODOS.