Não há quem não tenha ficado horrorizado com as rebeliões ultimamente ocorridas em vários presídios...
Não há quem não tenha ficado horrorizado com as rebeliões ultimamente ocorridas em vários presídios do nosso país. A forma de vingança pessoal carcerária lembra imagens da violência praticada por grupos terroristas como Isis. Mas até que ponto toda essa violência não é reflexo puro e simples de um problema maior que vivenciamos aqui mesmo, no nosso país? Fica claro que a violência sem uma legitimidade ideológica radical acaba sendo mais assustadora do que a mais condenável postura terrorista. Na verdade, ambas são, no seu âmago, fruto do desprezo dos valores humanos. A diferença é que o terrorismo islâmico tem um pano de fundo “religioso”, enquanto as chacinas carcerárias são oriundas de um desprezo pelo ser humano, revelador dos valores morais que permeiam o Brasil, um dos países mais corruptos do planeta.
Essa vingança carcerária é, sim, fruto de todo um elenco político corrupto que afeta todos os partidos, principalmente o PT, que acabou percorrendo o caminho do sonho de um país justo para a infiltração e o uso da justiça social como pretexto para avançar no erário público em consonância com alguns setores do empresariado. Vivemos época de violência generalizada, a sociedade já não acredita no Judiciário como forma de prover justiça. Fazendo com que a bandidagem não tema as punições, o espelho da ética do Poder Público ofusca o provimento jurisdicional, alargando a percepção da Justiça Pública e propagando, assim, a impunidade.
Com efeito, como dizem alguns educadores e visionários sociais, deveríamos gastar mais com educação, o que é louvável, mas, no momento atual, não nos resta outra alternativa, a não ser o endurecimento das leis, a plenitude na aplicação da Lei de Execução Penal, que por sinal é por demais branda. Observamos hoje até grupos extremistas, fascistas, perigosos, manifestando-se livremente pelas ruas, difundindo o ódio racial, o que também é parte do magnetismo ideológico que ocorre na Europa; portanto, diante desse quadro, em que as pinceladas se misturam com as cores do que ocorre no exterior em termos de violência, aliado à decepção com os governos deste país, o redirecionamento das posturas políticas para uma direita mais atuante acaba se enaltecendo não só aqui, mas no mundo todo, haja vista a vitória de Donald Trump. A saída romântica de mais educação e mais escolas é, na verdade, solução a longo prazo, a saída real para o enfrentamento dos nossos problemas e sobrevivência da democracia é a mão firme, quer do ponto de vista econômico, quer com a busca mais efetiva de resultados ao invés de popularidade. Quanto ao ódio racial, resta-nos “atenção plena”... Pena que absolutamente nada disso esteja acontecendo... Estamos verdadeiramente num barco sem rumo.
(*) Advogado, jornalista, mestre em Direitos Fundamentais e professor de Direito