ARTICULISTAS

Para onde vamos?

João Eurípedes Sabino
Publicado em 03/02/2022 às 21:44Atualizado em 19/12/2022 às 00:13
Compartilhar

Quando eu era criança, minha professora D. Julieta Pinheiro nos contou em aula que um prisioneiro foi condenado à morte por enforcamento e o seu último desejo, antes de subir no cadafalso, foi o de fazer uma confissão à própria mãe. O paciente carrasco esperou que aquela sofrida mãe falasse com o amado filho.

O jovem, que havia feito opção pela vida bandida, olha fundo nos olhos da mãe e diz: – “Mamãe, sei que errei e vou pagar pelo que fiz, mas a grande culpada é a senhora. Quando roubei um alfinete e o levei para casa, a senhora não me corrigiu. Depois roubei outras coisas, também não fui repreendido. Dedico a minha morte à senhora”. Banhada em pranto, a mãe não teve como justificar a sua omissão. E seguiu-se o enforcamento.

Li num livreto de cordel: “Aquele que com sabedoria / Provoca no filho o pranto / Passa-lhe o encanto / E não chorará por ele um dia”. Acertou o poeta caboclo quando não fala em palmadas e, com simplicidade, nos ensina a educar uma criança.

Estamos num país onde as drogas matam jovens todos os dias. Uns tombam, tendo vida curta, e outros morrem devagar, perambulando, à mercê do crime, com os dias contados. E o problema segue com os governos apenas maquiando a solução. Para onde vamos?

Por que sou contra a pena de morte? As execuções não têm reflexos positivos, além do que nenhum homem tem o legítimo poder para tirar a vida de outrem. Aliás, os ditadores, para saciar seus egos, matam visando impor suas fragilidades. Aqui, na democracia, temos a pena de morte, e o crime continua. Onde está o erro?

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por