A sugestão de se criar um Pacto por Uberaba, defendida aqui neste espaço a partir do dia 10 de agosto, para todos nós tem sido um exercício de aprendizagem
A sugestão de se criar um Pacto por Uberaba, defendida aqui neste espaço a partir do dia 10 de agosto, para todos nós tem sido um exercício de aprendizagem na medida em que as ações práticas começam a ser executadas. Ocorre assim no mundo todo, além dos municípios brasileiros. Primeiramente, trazemos à tona alguns exemplos de pactos nacionais, antes dos municipais. Já abordamos aqui o exemplo de sucesso do pacto irlandês. Mas merece reflexão também o exemplo espanhol.
A Espanha, há cerca de 30 anos, vivia as consequências da ditadura do general Franco. Estava isolada, marcada pela pobreza e excluída da Europa moderna. O seu setor de turismo se baseava em pacotes de baixo custo e baixo valor agregado. Hoje, o país se transformou em uma moderna democracia européia, próspera economicamente e um dos principais destinos turísticos do mundo. O crescimento do PIB chegou a 3,3% em 1986 e 5,5% em 1987, valor que foi praticamente o dobro do registrado na Europa Ocidental.
Entre 1991 e 2000, o PIB da Espanha cresceu 23,3%, ultrapassando o da França e o da eurozona como um todo, que aumentaram 17,8% e 19,1%, respectivamente. A realidade espanhola mudou drasticamente, bem como sua imagem e identidade. A Espanha representa hoje uma história de sucesso de reposicionamento de um país, envolvendo um pacto nacional com ações práticas, por exemplo de marketing. O pacto foi calcado em ações de divulgação em âmbito nacional, regional e internacional.
Mas, do exercício das lideranças em firmar no presente o que queriam para o futuro, vieram também as privatizações, a expansão mundial das empresas espanholas, o impacto de sediar os Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, a reconstrução de grandes cidades. O pacto envolveu de forma profunda o setor cultural do país, passando pelos filmes de Pedro Almodóvar, a fama artística de Penélope Cruz e Antonio Banderas, o estilista Adolfo Domingues, o arquiteto Santiago Calatrava e o pintor Joan Miro, que cedeu seu famoso "sol".
Além dos bons resultados, o pacto espanhol deixou lições importantes. Entre elas a conclusão de que as ações de Marketing não fazem mágica. Para se mudar uma imagem negativa são necessárias ações administrativas e operacionais efetivas sobre as causas daquela imagem ruim. E mais: os fatores positivos de uma cidade ou país devem ser valorizados, ampliados, mas nunca inventados do nada, sem coerência com a realidade local. Estudar e aproveitar as lições dos demais pactos nacionais e municipais é um dos caminhos do Pacto por Uberaba.
(*) economista, diretor titular da Aciu, sócio do Rotary Uberaba