Uma vez que a chance de surgimento da osteoartrite (OA) aumenta com o envelhecimento, como já comentado, é comum sua coexistência com outras doenças crônicas, como a hipertensão, doenças cardiovasculares e diabetes, por exemplo. Diversos estudos têm sido realizados no sentido de analisar a coexistência entre osteoartrite e outras doenças, mas não há evidências científicas que permitam afirmar que a ocorrência de outras doenças crônicas influenciem o surgimento da OA, ou vice-versa. Acredita-se que essa coexistência se deva principalmente à maior vulnerabilidade trazida pelo avanço da idade, podendo haver impacto das demais doenças crônicas no agravamento dos sintomas de pacientes com OA.
As causas da OA ainda são mal compreendidas, embora acredita-se que tenham relação com estresses biomecânicos capazes de atingir a cartilagem articular e o osso subcondral, provocar alterações bioquímicas na cartilagem e na membrana sinovial, além de fatores genéticos.
O Instituto de Pesquisas em Medicina Esportiva, Ortopedia e Regeneração (iMOR) trata, mensalmente, dezenas de pacientes com OA e, para surpresa da equipe médica, começou-se a observar que quase a totalidade desses pacientes apresentava infecção fúngica nas unhas – a chamada onicomicose – principalmente nos pés. Nenhum estudo relatou até hoje a coexistência entre infecção fúngica e osteoartrite, e a equipe iMOR se propõe agora a investigar essa situação, por meio de uma pesquisa de incidência epidemiológica que está sendo realizada em parceria com o Instituto Wilson Mello, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas) e a Clínica Singular - Centro de Controle da Dor. Até o momento, a presença de Onicomicose em associação com a Osteoartrite foi detectada em 97% dos casos, acometendo principalmente as unhas do hálux do mesmo membro que apresenta osteoartrite.
Apesar de não ser considerada doença de notificação obrigatória em nosso meio, a micose é reconhecida como problema de saúde pública em muitas partes do mundo. Ela é caracterizada pela presença do fungo entre as camadas da unha e de sua matriz. Existem mais de 100 tipos de fungos capazes de causar a onimicose, que representa de 18 a 40% das onicopatias (doenças nas lâminas das unhas). Os fatores de risco para as onicomicoses incluem antecedentes familiares, idade avançada, condições precárias de saúde, traumas, clima quente e úmido, uso de imunossupressores, banhos comunitários e calçados fechados.
Para o tratamento da onicomicose, é necessário, antes de mais nada, ter certeza de seu disgnóstico. Diversos tipos de antifúngicos podem ser administrados e o tratamento deve se estender até a substituição total da unha infectada por uma unha nova, o que pode durar até 12 meses.
A ocorrência de infecção fúngica está quase sempre relacionada a um quadro de imunodepressão, e no caso das onicomicoses, podem inclusive servir como porta de entrada a outros micro-organismos e favorecer a instalação de uma infecção secundária. Por isso, tão importante quanto identificar a causa que leva à simultaneidade dessas doenças é definir o quanto elas podem influenciar o estado de saúde dos pacientes com OA, muitas vezes resultando em maior comprometimento físico e emocional dos pacientes.
Referências
Leite AA et al. Comorbidades em pacientes com osteoartrite: frequência e impacto na dor e na função física. Rev Bras Reumatol. 2011;51(2):113-23.
Elewski BE. Onychomycosis: Pathogenesis, Diagnosis, and
Management. Clinical Microbiology Reviews. July 1998;11(3):415-29.