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Osteoartrite de joelho e obesidade

Um dos grandes males do século XXI é representado pelas doenças crônicas, males persistentes que, a exemplo da osteoartrite, precisam de cuidados permanentes.

Dr. José Fábio Lana
Publicado em 07/06/2011 às 11:00Atualizado em 19/12/2022 às 23:55
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Um dos grandes males do século XXI é representado pelas doenças crônicas, males persistentes que, a exemplo da osteoartrite, precisam de cuidados permanentes. Estudos mostram que em torno de 85% das pessoas com mais de 70 anos apresentam diagnóstico radiológico de osteoartrite e é possível que todas as pessoas com mais de 50 anos sofram dessa doença, embora muitas não apresentem sintomas aparentes.

No entanto, não é só o avançar da idade o maior responsável pelo aparecimento da osteoartrite. Outro grande vilão dessa doença é a obesidade, que sobrecarrega as articulações durante os movimentos realizados no dia-a-dia, como caminhar, assentar-se e levantar-se. Cerca de 10% da população mundial sofre de osteoartrite nos dias atuais, o que provavelmente se agravará com o envelhecimento gradativo da população e a “epidemia da obesidade”, gerada pelo sedentarismo e pela má alimentação. Pessoas obesas (com IMC entre 30 e 35) apresentam 4 a 5 vezes mais risco de desenvolver osteoartrite do que  pessoas de peso normal. É importante ressaltar que o próprio envelhecimento diminui a força muscular e aumenta a quantidade de gordura no organismo, o que torna mais comum a obesidade entre pessoas acima de 60 anos, com consequente agravamento dos sintomas da osteoartrite.

Estudo recente com 40 pacientes acima de 60 anos mostrou que a maioria dos idosos com peso normal não foi diagnosticada com osteoartrite, ao contrário dos idosos obesos, não tendo sido observada influência significativa da idade na incidência da doença. Essa é uma informação importante, que pode sugerir a obesidade como um dos principais fatores responsáveis pelo surgimento da osteoartrite, talvez mais do que o envelhecimento.

Até o momento, não foi desenvolvida uma técnica que consiga reverter a lesão já existente. Os tratamentos oferecidos hoje incluem medicamentos como os anti-inflamatórios e analgésicos, perda de peso, adequação dos exercícios físicos, fisioterapia (que atua no fortalecimento e equilíbrio muscular) e a viscossuplementação. Esta última consiste na aplicação de biomateriais que aumentam a elasticidade articular, como o ácido hialurônico, e já é bastante utilizada. É importante dizer que esses tratamentos têm o objetivo de diminuir a dor e as limitações físicas geradas pela osteoartrite, melhorando a qualidade de vida do paciente.

A intervenção cirúrgica não é a mais indicada, por não conseguir conter a evolução da doença, mas pode ser necessária nos casos de sobrecarga, acompanhada de dor crônica e perda acentuada de movimento. Antigamente, a cirurgia envolvia a retirada total do menisco em muitos casos, mas hoje já é possível obter resultados satisfatórios com o tratamento conservador, evitando-se a retirada dessa estrutura importante. A lavagem articular por artroscopia associada à viscossuplementação poderá ajudar na diminuição do processo evolutivo da doença. Por último, as cirurgias de substituição da articulação com as Próteses, mais conhecidas tecnicamente como Artroplastias, têm evoluído bastante em termos de biomaterial e podem devolver a qualidade de vida e independência ao paciente quando bem indicadas.

Portanto, o ideal é que tenhamos um estilo de vida que nos permita prevenir a doença antes que ela comece a dar sinais, o que pode ocorrer até mesmo antes dos 30 anos de idade. Incluirmos na nossa rotina exercícios físicos de fortalecimento, equilíbrio muscular e alimentação de qualidade poderá deixar-nos longe dos riscos da obesidade e mais preparados para suportar os desgastes provocados pelo envelhecimento.

Referências

Franco LR, Simão LS, Pires EO, Guimarães EA. Influência da idade e da obesidade no diagnóstico sugestivo de artrose de joelho. ConScientiae Saúde. 2009 Mar; 8(1):41-6.

Camanho GL. Tratamento da osteoartrose do joelho. Rev. Bras. Ortop. 2001 Mai; 36(5):135-40.

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