Será que Jean Jacques Rousseau tinha razão ao afirmar que todos os homens nascem bons
Será que Jean Jacques Rousseau tinha razão ao afirmar que todos os homens nascem bons, é a sociedade que os corrompe?
Ninguém, em sã consciência, pode proclamar que não tenha cometido erros em sua vida. Uns mais, outros menos, mas todos nós andamos um dia por caminhos errados. Todos, do Presidente ao gari, do Papa ao coroinha, todos temos motivos para arrependimento. Sempre foi assim. Dizem os antropólogos que no início da humanidade, os homens, nus, peludos, matavam-se uns aos outros por um pedaço de carne crua. Com a civilização, os erros tornaram-se mais sofisticados, mas continuamos fazendo o que não devíamos. Por um lado, somos racionais. Por outro, nos deixamos guiar por instintos nada justificáveis. Não houve, na humanidade, um dia sem guerra. Seria certo dizer que o homem é o único animal que mata seu semelhante?
Afinal de contas, por que estou escrevendo sobre isto? Simplesmente porque estou com uma revista diante de mim com fotos de homens, alguns adolescentes, de armas na mão, numa Praça em Trípoli. O repórter se refere ao mau cheiro dos cadáveres insepultos. Por que tudo isso? Não sei. Em várias partes do mundo está acontecendo a mesma coisa. Por quê? Não sei. Será que o homem é intrinsecamente mau?
Quem escreveu os onze primeiros capítulos do Gênesis (Bíblia) sabia dessas coisas. Não era um cientista. Nada sabia sobre a origem do homem e do universo. Recorria a mitos para explicar o que não entendia. Adão e Eva queriam ser como Deus. Caim e Abel mostraram como os homens eram maus, não se entendiam e se matavam. Adão, Eva, Caim, Abel, todo aquele pessoal do Gênesis nunca existiu, mas todos eles nos ensinaram como eram as coisas. A Bíblia não é um livro de Ciências, mas de Sabedoria. O homem traz dentro de si uma terrível inclinação para o mal. É o que os cristãos chamam de Pecado Original. Há possibilidade de salvação? Claro que sim. Um homem a quem chamavam de “O Filho de Deus”, nascido pobremente em Nazaré, ensinou-nos o Caminho, mas nossos ouvidos não ouviram, nossos olhos não viram, nossos lábios emudeceram, encaramos seu ensino como uma bela utopia.
Matar é preciso. O comércio de armas é um dos mais lucrativos do mundo. O orçamento das nações reserva bilhões de dólares para a fabricação e compra de armas. Matar é preciso. Falar em desarmamento é piada. No Brasil estão discutindo de quem comprar os melhores aviões de caça. Para quê? Com quem vamos brigar, com a Colômbia, com o Paraguai, com o Chávez, com o Morales?
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro