Tenho encontrado no estudo da Logosofia um manancial de ensinamentos que, sem dúvida, tem acrescentado maior qualidade à minha vida
Tenho encontrado no estudo da Logosofia um manancial de ensinamentos que, sem dúvida, tem acrescentado maior qualidade à minha vida.
Um deles, sob a forma de diálogo, versa “sobre o grande vazio que muitos querem preencher, e o grande cheio que não se quer esvaziar”.
Embora escrito em relação à disponibilidade interna para se assimilar o conhecimento logosófico, considero que ele cai como uma luva para esse último artigo do ano.
Fico a pensar naquelas pessoas que “entra ano, sai ano” não conseguem se renovar porque não se desfazem das coisas materiais e nem das imateriais.
Não limpam seus armários, suas gavetas e nem seus porões. Guardam quinquilharias por medo de um dia delas precisarem: roupas, calçados, móveis, embalagens. Eu que já tive a difícil tarefa de desfazer as casas de algumas pessoas falecidas, tenho a clareza de que “caixão não tem gaveta”, e de que, quando se morre, quem fica, mesmo com muito respeito, tem que se desfazer de muitos “tesouros” daquele que se foi, por falta de utilidade.
Infelizmente, os tesouros encarcerados não são apenas na esfera física, pois, junto com eles, também se guarda, na mente e no coração, muita mágoa, ressentimento, tristezas, pendências e insatisfação por fatos e circunstâncias que não podem mais ser mudados.
Por que será que, para muitos, é tão difícil praticar o desapego e compreender que a vida é uma eterna sucessão de perdas e ganhos?
Uma dessas mensagens internetianas nos responde a essa pergunta de uma forma bem simples: As pessoas guardam porque vivem ancoradas na perspectiva da falta e da carência. Eu acrescentaria, também, que se guarda por falta de confiança na previdência divina, ou seja, na suprema sabedoria com que Deus conduz todas as coisas.
Guardar por medo da falta e por insegurança – pelo eu posso precisar um dia - é crer que o amanhã não é confiável; que não se é merecedor de viver coisas novas e melhores; que não se experimentou ainda a força da renovação interna; não se observou na natureza a força que os brotos adquirem depois de uma boa poda.
Se alguém me pedisse um conselho, não sou ninguém para tal, mas se me perguntassem uma aprendizagem de vida que eu gostaria de partilhar, com segurança seria sobre a importância de se esvaziar para poder se preencher.
Que tal estabelecer como propósito para o ano de 2.010, o exercício de nos desfazermos, com consciência e sistematicidade, de tudo aquilo que sobra em nossas gavetas e mentes, para dar espaço ao novo que pode entrar em nossa casa e em nossa vida?
(*) mestre em Psicologia e palestrante