Nós, leitores de jornais, já não ficamos espantados quando lemos as manchetes da primeira página
Nós, leitores de jornais, já não ficamos espantados quando lemos as manchetes da primeira página, invariavelmente registrando mais uma ocorrência trágica no trânsito. Parece que nos acostumamos a aceitar o trágico como natural.
Em recente reunião de lideranças comunitárias promovida pelo G7 (grupo formado por sete cidadãos que discutem problemas locais e nacionais que afetem nossa comunidade), conversamos sobre a lei das filas preferenciais para idosos, mulheres grávidas ou com filho no colo e portadores de deficiência. Surgiu, então, de passagem, a questão do trânsito, que tem sido, em nossa cidade, um grande problema para os idosos, sempre presentes no noticiário policial como vítimas nos mais variados tipos de acidentes, principalmente envolvendo motos.
O rigor da lei foi um dos fatores que fizeram com que motoristas passassem a respeitar pedestres (mesmo onde não há faixa de segurança) em Portugal, país com dez milhões e meio de habitantes e pelo menos vinte milhões de turistas por ano.
Motoristas também respeitam pedestres em Brasília, sendo que a capital federal já conta com mais de dois milhões e meio de habitantes e um milhão de carros.
Já em um determinado jogo eletrônico, motoristas atingem, com seus carros, idosos que andam pelas ruas. Macabro. Parece que o tal jogo existe no trânsito de Uberaba: a ordem é acertar os velhinhos.
Na contramão desse jogo eletrônico e dos reais problemas do trânsito, pode existir uma campanha permanente de educação no trânsito. E para que essa campanha colha seus resultados, com motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres adotando formas educadas de agirem no trânsito e para que a ideia veiculada naquele jogo eletrônico seja retirada da realidade de nossas ruas, basta que tomem providências aqueles que têm o poder nas mãos. A urgência na tomada de atitude pode poupar muitas vidas.
(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro