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O que vale a pena

Viver é o dom maior, já se disse. É o valor maior, já se disse também. Viver para o amor – mesmo aparentemente distante -, viver para a família, viver para os amigos, viver para o trabalho, viver para

Terezinha Hueb de Menezes
thuebmenezes@hotmail.com
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 16/12/2022 às 07:55
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Viver é o dom maior, já se disse. É o valor maior, já se disse também.   Viver para o amor – mesmo aparentemente distante -, viver para a família, viver para os amigos, viver para o trabalho, viver para o bem, viver, enfim, para Deus.   Viver, ainda, para as ressurreições de cada dia. Não poucas vezes nos sentimos crucificados, mortificados, incompreendidos. A alma e o coração buscando respostas para questionamentos que os atormentam. E cada passo na jornada existencial impulsiona o ser para novos passos, ainda que trôpegos, muitas vezes, no desencanto.   Mas é preciso prosseguir, porque a vida é valiosa: bem que devemos carregar nas mãos e no mais íntimo de nosso ser com cuidado, com cautela, com amor: apesar das intempéries, vale a pena continuar a caminhada, moldada ora na saudade avassaladora do maior amor, ora nas lembranças, também feitas saudades, do que se foi, mas permanece.   E vale olhar as feições dos filhos, às vezes um gesto de um dos netos e perceber que neles perdura o olhar de minha mãe, o jeito de meu pai, o apertar dos lábios, a repetição de falas, os gestos de meu amor.   E vale perceber que nós passamos, mas deixamos, atrás, marcas de nossos passos, ecos de nossas palavras, repetição de nossos gestos.   E vale pensar que a herança de nosso amor perdurará, como corrente inquebrantável, na alma dos que nos querem bem: estes, quando o tempo se fizer distante, distraidamente, falarão o que falamos, talvez sorriam como sorrimos, talvez lamentem como lamentamos, talvez se conduzam como nos conduzimos.   E nossas palavras, e nossos sorrisos, e nossos gestos, e nossas lágrimas se materializarão em rostos que não são os nossos, em mãos que não são as nossas, em lábios que não são os nossos, em vozes que também não são as nossas. Por tudo isso, vale a pena viver. E é preciso viver: “Chegou um tempo em que a vida é uma ordem”, já disse Drummond. E ela nos impulsiona para destinos que somos obrigados a cumprir, para maratonas que, queiramos ou não, urgem ser enfrentadas. “...a vida é uma ordem.” Apesar de tudo, é preciso seguir, é preciso caminhar, é preciso pelo menos tentar vencer. Caso venha a derrota, caso venham os desenganos e os desencantos, pelo menos teremos a certeza de que tentamos. Pelo menos isso.       (*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro thuebmenezes@hotmail.com Terezinha Hueb escreve originalmente aos sábados neste espaço  

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