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O que ficará?

O que ficará de cada um de nós, quando nossa vida nesta terra se acabar? Uma árvore, talvez, plantada na infância

Terezinha Hueb de Menezes
thuebmenezes@hotmail.com
Publicado em 10/07/2010 às 20:07Atualizado em 17/12/2022 às 06:31
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O que ficará de cada um de nós, quando nossa vida nesta terra se acabar?

Uma árvore, talvez, plantada na infância ou na juventude, sobrevivendo a nós na fronde verdejante, nos frutos que nem o passar de tempo impede de nascer? E ainda os pássaros, que nelas buscam frescor e pouso, sabendo que um dia houve mãos que cavoucaram a terra e, com zelo, ali depositaram a muda ainda frágil, regada ao longo dos anos com carinho e cuidado?

O que sobrará?

Um livro, talvez, escrito nas noites insones, palavras e mais palavras, pensamentos e mais pensamentos, nele ficando um pouco – ou muito? – de nossos anseios, de nossas dúvidas, de nossas esperanças? Talvez pedaços de nossas vidas transformando seres reais em personagens ou sonhos em realidades palpáveis? E quando o tempo se for, as páginas, já amareladas, trarão as marcas do pensamento de quem o escreveu, tornando-o lembrança duradoura.

O que ficará?

Os filhos, cada um trazendo a lembrança de um grande amor vivido, traços e gestos que não permitem esquecer a pessoa amada, e os filhos de nossos filhos na continuidade de gerações que farão recordar sempre uma trajetória repleta de mutações, mas imutável em seu correr célere e constante?

O que sobrará?

Nossas boas ações que colocarão na boca dos que nos querem bem palavras de reconhecimento e carinho, perpetuando nossa imagem? Ou o mal que fizemos um dia, transformando corações ofendidos em celeiro de mágoas, na lembrança que não se cala porque deixou cicatrizes de dor no outro?

O que ficará?

Talvez os sonhos não concretizados, esperando que outros os concretizem, mas lembrando as consoladoras palavras de Rubem Alves: “(...) a vida não é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem que ser tocada até o fim. (...) a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e de amor justifica a vida inteira.”

Temos certeza, pois, de que, cumprida a sonata de cada um de nós, mínima que seja, com seus momentos de beleza e de amor, outras sonatas continuarão nossos acordes, promovendo o ciclo da existência que não se acaba jamais.

 

(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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