Segundo os dicionaristas, casamento vem de casa e o sufixo mento, do latim medieval casamentum, um terreno dotado de casa e que talvez seja o étimo real
Segundo os dicionaristas, casamento vem de casa e o sufixo mento, do latim medieval casamentum, um terreno dotado de casa e que talvez seja o étimo real com pequena alteração semântica. Mas deixemos de lado quaisquer comentários adicionais e vejamos o que se encontra na obra aqui tantas vezes citada — O Livro dos Espíritos —, de Allan Kardec, agora prendendo-nos ao Cap. IV, que estuda a III Lei, de Reprodução.
Sob o título de “Casamento e celibato”, eis o que, inicialmente, encontramos nas seguintes questões:
“695 — O casamento, quer dizer, a união permanente de dois seres, é contrário à lei natural? / — É um progresso na marcha da Humanidade.
696 — Qual seria o efeito da abolição do casamento na sociedade humana? / — O retorno à vida animal.”
E o Codificador acrescenta: “A união livre e fortuita dos sexos é um estado natural. O casamento é um dos primeiros atos de progresso das sociedades humanas, porque ele estabelece a solidariedade fraternal e se encontra entre todos os povos, ainda que em condições diversas. A abolição do casamento seria o retorno à infância da Humanidade, e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes”. Prossigamos com as questões:
“697 — A indissolubilidade absoluta do casamento está na lei natural ou somente na lei humana? / — É uma lei humana muito contrária à lei natural. Mas os homens podem mudar suas leis: só as da Natureza são imutáveis.”
A propósito do celibato, que fique aqui registrada apenas a questão 699: “— O celibato não é, da parte de certas pessoas, um sacrifício com o objetivo de se devotar mais inteiramente ao serviço da Humanidade? / — Isso é bem diferente. Eu disse: por egoísmo. Todo sacrifício pessoal é meritório, quando é para o bem; quanto maior o sacrifício, maior o mérito.”
E Allan Kardec, lucidamente, conclui: “Deus não pode se contradizer, nem achar mau o que fez; não pode ver mérito na violação da sua lei. Mas se o celibato, por si mesmo, não é um estado meritório, o mesmo não ocorre quando constitui, pela renúncia às alegrias da família, um sacrifício feito em proveito da Humanidade. Todo sacrifício pessoal com objetivo do bem, e sem dissimulação do egoísmo, eleva o homem acima de sua condição material.”
(*) clínico geral e psiquiatra