O planeta ou os filhos?

Há poucos dias deparei-me com um pensamento do escritor norte-americano H. Jackson Brown Júnior (1843-19l6). Escritor, compositor e proprietário de uma firma de desenvolvimento de ideias, em Nashville, no Tennesse, Brown tinha o hábito de fazer anotações em uma caderneta. Nasceu desse costume seu livro Pequeno Manual de Instruções para a Vida.

O pensamento a que me refiro é este: “Para ajudar seus filhos a se darem bem na vida, passe com eles o dobro do tempo e gaste metade do dinheiro.”

Em verdade, todos nós somos coniventes com essa ideia. Às vezes, porém, como pais nos preocupamos em dar aos filhos o que querem e pouco nos interessamos em empregar nosso tempo perguntando por seus estudos, atividades e companhias. Acreditamos que, deixando os filhos em liberdade, aprenderão a viver. Mesmo que isso possa ser verdade em situações específicas, essa não é a regra.

Num congresso sobre vida sustentável, uma mãe questionou: “Todo mundo está pensando em deixar um planeta melhor para nossos filhos, mas quem está pensando em deixar filhos melhores para nosso planeta?”

Brown e a mãe do congresso se voltaram para a criação e formação dos filhos. Filhos educados, bem criados e inteirados das normas de boa convivência entre os homens são capazes de salvar a humanidade e o planeta.

Entretanto, não é viável pensarmos em salvar o planeta sem cuidarmos da humanidade. E o homem vive em família – base e núcleo mais importante da sociedade –, que deve ser fortalecida para que seus membros se sintam igualmente fortes.

Uma das dificuldades enfrentadas no mundo contemporâneo pela família se refere à comunicação, que, por ser instantânea, traz seus perigos, e isso tem exigido que os pais redobrem seus cuidados. Se há algum tempo os namorados eram acompanhados pela figura hoje obsoleta da vela (pessoa encarregada de prestar atenção ao relacionamento), hoje essa figura é primordial quando do relacionamento dos filhos com terceiros através da informática, que já facilita esse trabalho, oferecendo aos usuários ferramentas de controle.

É por amor que nós, pais, lutamos por um bom relacionamento com nossos filhos e os educamos na esperança de que se empenhem na sustentabilidade do planeta, um dever de todos para com esta e as próximas gerações. E é por tudo isso que investimos nosso tempo cuidando deles, em vez de lhes darmos tudo o que querem. Como pais, podemos salvar nossos filhos e o planeta.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro