O "imbatível" Luiz Crosara
Meus amigos estão partindo / E eu na sofrência pensando / Qualquer dia estarei indo / Querendo ou não, estarei viajando.
Quem diria que, há exatos dois meses, estávamos Luiz Gonzaga Grosara e eu no estúdio da TV Canal do Boi. Apresentamos o livro “FERRADAS E FERROADAS” do seu xará, amigo e colega Luiz Gonzaga de Oliveira. O zebu para o mundo levou o livro de Gonzaga para além-fronteiras... Dia 26/01/2022, o “imbatível” Luiz Crosara foi abatido pela Covid-19.
Muitos itens da vida de Crosara serão descritos e falados, todavia, na condição de seu amigo há décadas, disponho-me a enfocar o menino nascido em uma família de onze irmãos, cuja liderança evidenciou desde os seus primeiros passos. Voltemos lá no tempo em que ele teve os contatos iniciais com o microfone e depois passou brilhantemente pela Rádio Sete Colinas, onde, em equipe, apresentava programa que findava às 19 horas. O patrocinador produzia arroz e Crosara imitava como ninguém a voz do Papa João Paulo II, induzindo o ouvinte a consumir a marca. Foi um dos criadores das Feiras livres de Uberaba e muitas vezes o vi na madrugada, instalando seu estande de vendas. Era empreendedor e teve um ótimo restaurante na avenida Dom Luiz Maria de Santana, esquina com a rua Antônio Borges de Araújo. O episódio da cobra que lhe mordeu a perna ocorreu à noite, nas cercanias da antiga Estação de Tangará. Quando ele, depois de já ter apreendido dois tatus, passou próximo ao tronco de uma árvore, a baita jararacuçu o surpreendeu e sumiu. Segundo a família, com alguns minutos de atraso para chegar esmorecido e já quase sem a visão ao Hospital Escola, Crosara teria nos deixado há trinta e nove anos. Como se vê, ele nasceu para vencer!
Na TV Universitária, dirigiu o programa “Câmera 2”, um misto de noticiário, entrevistas e entretenimentos. Saiu para nos brindar com a TV Canal do Boi, então instalada em Jaboticabal/SP. Com ele seguiram bons profissionais de Uberaba e dentre eles está Jorge Zaidan Júnior, em Campo Grande/MS. Certa vez, Luiz Crosara foi convidado pela Câmara Municipal de Uberaba para receber o Diploma de Honra ao Mérito. Sua resposta foi enfática: “Ainda preciso fazer muito para merecer. Deixe para quando eu morrer”. E soltou aquela tradicional gargalhada.