O joelho é uma articulação muito importante na independência e na dinâmica da vida das pessoas. A dor no joelho poderá atrapalhar a saúde das pessoas por impedir a atividade física e esportiva, além de, indiretamente, aumentar o acúmulo da gordura abdominal e, portanto, atrapalhar no controle do excesso de gordura, da pressão arterial aumentada e no excesso de açúcar no sangue.
A síndrome metabólica, uma tríade composta de pressão alta (hipertensão arterial), desequilíbrio e excesso de gordura no sangue (dislipidemia) e aumento da glicose (hiperglicemia), acomete, a cada dia, muito mais pessoas depois dos 40 anos. Muitas vezes, essas alterações precedem doenças graves, como o diabetes mellitus, o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral. É exatamente nesse momento importante da vida que precisamos mais dos nossos joelhos. A principal arma para combater a síndrome metabólica é a atividade física regular, que melhora todas as funções do corpo, inclusive os hormônios e o fluxo sanguíneo para os órgãos e sistemas.
O envelhecimento do joelho pode começar com uma lesão nos meniscos. Essa estrutura, tão importante para o equilíbrio do corpo e de todo o sistema músculo-esquelético, poderá desencadear o início de um problema muito temido na terceira idade, a osteoartrose.
Os meniscos funcionam como verdadeiros amortecedores e estruturas de encaixe dos ossos dos membros inferiores, como acontece na conexão da coxa (fêmur) com o osso da perna (tíbia). Eles são estruturas constituídas de colágeno, com uma trama de fibras que trazem o efeito de mola para a distribuição adequada da carga sobre a articulação. Sendo assim, os meniscos promovem melhor encaixe ósseo e maior estabilidade e equilíbrio durante a caminhada. São importantes em todo o momento da marcha e mais solicitados quando andamos em um terreno irregular e ao subir e descer escadas. Os deslocamentos laterais e giratórios podem provocar grande força de compressão e tração nessas estruturas, que sofrem desgaste com o passar do tempo.
As estruturas do colágeno passam a sofrer uma espécie de ressecamento e diminuem o teor de água, ficando assim menos elásticas. Esta perda estrutural pode significar menor capacidade de adaptação aos esforços e os meniscos podem sofrer pequenos estiramentos, que levam a microlacerações na sua estrutura. O acúmulo de lesões associado à menor capacidade de recuperação e de cicatrização podem causar uma lesão maior, com um deslocamento dos fragmentos do menisco dentro do joelho. O resultado da lesão meniscal é a dor, o inchaço e a sensação de falseio no joelho. Em curto prazo, a cartilagem passa a ser desprotegida e as forças causadas pelo peso da pessoa ao caminhar danificam ainda mais essa estrutura tão importante. E muitas vezes esse mecanismo pode ser o principal desencadeador da artrose do joelho.
As lesões podem acontecer ao caminhar por um período maior, fazer um exercício mais extenuante, subir ou descer uma ladeira e agachar bruscamente para fazer uma limpeza ou uma faxina em casa. Normalmente, o paciente pode sentir uma dor aguda em forma de fisgada, sensação de bloqueio da articulação (joelho travando), inchaço e uma dificuldade para percorrer distâncias maiores. A lesão também poderá ocorrer, muitas vezes, por um acúmulo de pequenas torções e a pessoa não consegue se lembrar como se machucou ou até não sabe o momento exato em que aconteceu a lesão.
Na próxima coluna vamos começar a abordar as formas de prevenção e tratamento das lesões meniscais por degeneração, que acontecem principalmente após os 40 anos. Até mais!
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