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O boleto atrasado

“Quando o carteiro chegou e o seu nome gritou com uma carta na mão...” Assim começava a letra de uma música de sucesso da década de 70

Gilberto Caixeta
Publicado em 18/05/2010 às 10:50Atualizado em 17/12/2022 às 06:19
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“Quando o carteiro chegou e o seu nome gritou com uma carta na mão...” Assim começava a letra de uma música de sucesso da década de 70, cantada por quem não mais me lembro. Lembro-me, com certeza, da época em que escrevíamos cartas. Elas são substanciosas para análises políticas e interpretações históricas. Entretanto, o tempo as substituiu sem extingui-las, podemos ainda escrevê-las. Tudo muda, permanecendo.

A ansiedade da espera da carta foi substituída pelo atraso nas correspondências; talvez os Correios não sejam os únicos responsáveis por esses atrasos. Peguemos o exemplo das entregas dos boletos; e, quem não tem um boleto para ser saldado? São os boletos da água, da luz, do telefone, do banco, do credor... E por aí vai, quanto mais pobre, mais boleto. Acontece que no boleto de prestação de serviço vem tipificado o dia em que ele foi emitido, mas não o dia que foi expedido. Aqui vale um reconhecimento à CTBC. Em seu boleto telefônico pode-se ler a data que ele foi emitido e postado; se houver atraso na entrega você saberá quem é o culpado. Em outros boletos não se vê esta informação. O Banco Itaú, por exemplo, é campeão no atraso. As suas faturas nunca chegam na data aprazada de pagamento; aí você esquece, quando se lembra os juros estão altíssimo e vira aquele corre, corre para buscar uma fila de banco e pagar os  compromissos que você poderia ter saldado em data anterior em seu banco, numa agência lotérica ou num terminal de caixa à noite, quando o movimento é ínfimo e não lhe causa gastrite.

Os carteiros não gritam mais o seu nome, mas nos conhecem. Quando a numeração do endereço está errada eles depositam a sua correspondência em sua caixa ou lhe chamam à porta entregando-lhe a encomenda. Tardam, mas não faltam. Ou faltam. Acredito que o sistema de logística dos Correios é excelente, o duro são os clientes que expedem as suas correspondências atrasadas e depois os culpam pela demora ou pela não entrega. Ou é o contrário? Seria uma injustiça imputar unicamente aos credores a responsabilidade da não entrega, ou imputar aos Correios a responsabilidade pelo atraso. Para sair do empurra, empurra o ideal é seguir os parâmetros da CTBC, que lavra em seu boleto o dia do faturamento, e o dia da postagem daquela correspondência. Assim, as relações creditícias tornam-se claras, sem prejuízo para as partes. E quem tiver a intenção de atrasar nos boletos para faturar alguns centavos a mais entre milhões de clientes será desmascarado, e o contrário também. Como dizem “pau que bate em Chico bate também em Francisco”. E por falar em Chico, lembrei-me do amigo de todos – o Chico Xavier – é um pecado os outdores que fizeram com a sua imagem. Ele não merece, as entidades classistas que financiaram não merecem, os cristãos na merecem. É o tipo da ideia que passa batida, com repercussões negativas a toda prova. Dá vontade de não comprar, de não comprar pra não ter boleto e ficar sem brigar com os Correios e os credores.

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