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O fato, o direito e o advogado

Publicado em 13/08/2022 às 22:09Atualizado em 18/12/2022 às 21:07
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É muito delicado para o profissional escrever sobre o ofício que ele exerce, não só pela responsabilidade quando se expõe, mas também pelo cuidado em não ser pedante, e sim encantar o leitor. Encantar mesmo, no sentido mais doce da palavra, principalmente quando se trata de escrever sobre a advocacia, pois, às vezes, recebemos a pecha de sermos incompreensíveis na fala, e na escrita ainda mais.

Por isto, aqui, neste exercício, comungarei da inutilidade da escrita rebuscada e pretendo fazer deste não uma ode, o que seria pretensioso demais da minha parte, mas sim um texto de leitura agradável.

Que a advocacia é uma nobre profissão sabemos, que é árdua também, que tem os seus melindres, os rompantes, as decepções e as vitórias; pois bem, a advocacia tem um pouco de cada elemento que a faz uma das mais desafiadoras.

Não se pode duvidar que nos tempos atuais, principalmente diante das relações pessoais, o advogado se faz não só presente, mas necessário. Quem hoje faria tratativas sem o acompanhamento do advogado?

A sensação é de amparo e segurança quando existe um profissional com conhecimento legal e jurídico frente às questões que serão enfrentadas no dia a dia. E é até majestoso reconhecer que a presença de um advogado traz segurança de justiça e impõe proteção.

É esta mesmo a verdadeira função do advogado, para aqueles que na pessoa dele se socorrem.

O advogado está para o injustiçado como o pai está para o filho necessitado.

A função de proteger nasce para o advogado ao ser chamado por aquele que dele precisa; e como lhe impor que vista a capa de herói para salvar o que sofreu o desrespeito ao seu direito protegido.

E ali estará presente o ser humano, educado pelas letras da lei, pelo estudo das decisões, pautado pela sua experiência, a encontrar a solução ao fato que lhe foi narrado. Sim, nós, advogados, devemos, por ofício, ser os primeiros a lapidar a narrativa do aflito, a enquadrar o direito na questão, a sopesar a possibilidade, para ao depois, cirurgicamente e sem qualquer paixão, poder dizer, racionalmente, qual seria a possível solução jurídica.

E, acreditem, este juízo prévio do que seria a decisão judicial deve sempre ser feito pelo advogado cauteloso com vistas a não expor ainda mais o cliente às agruras de um processo em que já se antevê ser infrutífero para o que se objetiva.

Creiam, o advogado deve ser o primeiro a lapidar os fatos, emocionalmente narrados pelo desrespeitado, com agudeza não só de espírito, mas com o conhecimento técnico que lhe é peculiar e para o qual foi formado, e com a razão que a imparcialidade de analisador impõe, tudo isto em um primeiro momento; para, ao depois, se abraçar aquela causa, agir com coesão, a tudo que acreditou e se propôs a defender, pois só assim sairá exitoso no pleito. Segue a máxima: o advogado é o primeiro juízo da causa.

O necessitado de justiça, pela emoção em consequência do que o aflige, pode obnubilar o seu juízo de valor; por isto, precisa mesmo da análise de um advogado, que irá auscultá-lo, aparar o que for preciso para ao depois acolhê-lo, no berço da Lei.

Sim, é preciso reconhecer que, metaforicamente, o advogado seria o pai, que, incisivamente, protege a cria dos males que alguém possa lhe causar. Diriam os mais sapientes que a função psicológica do pai é demonstrar o que é certo ou o que é errado, o que pode e o que não pode; por isto, podemos entender que o advogado é personificado naquele momento de necessidade daquele que foi injustiçado para chegar e falar “isto pode, isto não pode”. Limitar o que cabe proteção legal do que não cabe, mesmo que com rigidez, mas delicadamente, pois se encontra exposta uma dor, que deve ser ao máximo respeitada.

Pois bem, nada mais propício do que reconhecer a figura do advogado como aquele que irá dizer “é permitido, ou não é permitido, pela lei”. Tem proteção, não tem proteção, da lei.

Ah, quantas vezes pudesse aqui no mundo voltar, estudaria o sistema legal, faria Direito novamente!

Tenho que concordar, não é uma profissão fácil, tem seus cacoetes (!), que, por vezes, dificultam o exercício, mas, caros leitores, posso lhes falar, é enobrecedora quando atinge o clímax de se ver reparada uma injustiça, não só para o injustiçado, mas também para o profissional, que, trabalhando, pode conseguir êxito no pleito.

Eis a grande razão de ser advogada: reparar a injustiça que me foi apresentada!

 

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