Quando eu era criança, meu pai me levava em comícios de candidatos a prefeito de Uberaba. Talvez venha daí meu gosto por política, embora nunca tenha me interessado em candidatar a nenhum cargo. Sempre li muito; fiz estágio na Câmara dos Deputados quando eu era estudante de Economia; debato quando sou chamada; vou a manifestações e nunca escondi meu lado, seja em artigos que escrevo, seja em postagens nas redes sociais.
Mas qual é o meu lado? Sou ferrenha combatente da corrupção em todos os níveis e valores e ardorosa defensora da transparência dos gastos públicos. Para mim, político é um servidor público como outro qualquer, pago com o dinheiro dos nossos impostos e, portanto, deve prestar contas e ser constantemente cobrado por nós, seus patrões. Muito distante disso, o que se nota é uma adoração e reverência aos políticos de estimação, como se predestinados fossem.
Fui para as ruas para tirar o PT do poder depois de revelados escândalos de corrupção e face à incapacidade da presidente da época de adotar medidas eficazes na retomada da economia, que estava afundando. Confesso nunca ter sido agredida por petistas e jamais fui desrespeitada em minhas colocações.
Hoje, o vento mudou.
Desde 2018, quando divulguei já no primeiro turno da eleição que não votaria no candidato com maiores chances de ser eleito, e que acabou sendo, comecei a apanhar. Justifiquei que ele não representava a “nova política”, que era cria do sistema que jurava combater e que se analisássemos seu passado veríamos apenas contradições com as promessas eleitoreiras. Mas eleitores ávidos de achar um mito-salvador para chamar de seu não só o elegeram como, mesmo diante de todos os retrocessos, continuam defendendo-o e adorando-o.
E foi assim que fui perdendo amigos, que preferem a ilusão ao diálogo; fui saindo de grupos de WhatsApp e me aproximando de pessoas que, como eu, querem um Brasil melhor, com rumo e paz.
Nunca essas pessoas que me atacam me procuraram para conversar, discutir ideias e pontos de vista. Talvez, por falta de argumentos ou excesso de soberba, ou ambos. Limitam-se a ataques rasteiros.
Vou seguir em frente, sempre fiel aos meus princípios. Fazer valer a razão contra as agressões e decepções que tenho sofrido. Estou triste com esse estado de coisas, mas jamais deixarei de combater a corrupção em qualquer nível e valor, mesmo quando disfarçada, e de almejar um país próspero e cordial.
Entre o aplauso da maioria e as minhas convicções, fico com as últimas.
Marcia Moreno Campos
Uberaba, 15 de setembro de 2021