ARTICULISTAS

Entre a informatolatria e a informatofobia

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 27/02/2021 às 11:54Atualizado em 18/12/2022 às 12:28
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O grupo Brasil Paralelo dá-nos informação preocupante ao dizer que, depois de acompanharmos uma progressão crescente do índice de quociente de inteligência entre filhos e pais, onde aqueles apresentavam um ganho gradual positivo em relação a estes, na atualidade vemos o contrário, ou seja, os filhos com QI inferior ao dos pais! Dentre a multiplicidade de fatores que podem se colocar na base desse resultado abre a perspectiva de questionar a capacidade de aprender dos jovens internautas. Ao mesmo tempo, surge uma proposta para uma Sociedade do Livro, onde vários autores de saber reconhecido na atual sociedade cultural teriam suas obras lidas e discutidas profundamente, sobre temas selecionados previamente, dando a cada participante a chance de ler a obra focada com antecedência ao participar das discussões.

Não podemos questionar a crescente oportunidade de acesso às informações múltiplas que as redes sociais nos dão. No entanto, acessá-las não resulta em conhecimento ampliado e sedimentado que terminaria por gerar até mesmo sabedoria. Parece que acompanhamos “pessoas atordoadas por conhecimento bobo, privadas de linguagem, incapazes de refletir sobre o mundo, mas felizes com sua sina.” A busca frenética pelo entretenimento domina todo o cenário e, ao invés de sabedoria, consegue-se apenas divertimento. Fugimos da informatofobia e caímos na informatolatria.

Nesta Sociedade do Livro proposta pelo grupo Brasil Paralelo iremos aprender a ler com eficiência, compreendendo cada página, cada ideia dos vários autores, analisando cada argumento levantado por eles, para ao final alcançarmos compreensão clara e própria, capaz de, a partir de nossas próprias chaves interpretativas, poder até mesmo contribuir com os temas, fazendo ciência.

Buscamos em Cortella algumas reflexões: os livros são o grande elo de ligação da humanidade; o livro foi a primeira forma de ensino a distância. E em Machado de Assis: ninguém confie na felicidade presente, porque nessa há uma gota da baba de Caim – não podemos confiar tolamente numa sociedade fundada pelo fratricídio.

Cortella reaproxima-nos do livro ao lembrar seu significado para a manutenção da identidade cultural dos povos, já que por ele nos situamos nas ideias e conhecimentos anteriores, desfrutando de tudo que foi pensado e construído, e a partir daí dar um passo a mais, ampliando e aproveitando a contribuição de todos num movimento vertiginoso para mais e maior. Também não podemos deixar de lado a verdadeira natureza humana pela qual e com a qual Caim matou Abel para se tornar o primogênito – aquele que herda todos os bens paternos sem repartição.

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