Quem imaginaria, há um ano, que estaríamos, nesse momento, passando por tanto sofrimento. Lembro-me bem, em frente à televisão, assistindo à China construir um imenso hospital, com mil leitos, em apenas dez dias. Admirava: que exagero! Estão com medo de uma gripezinha?
A doença, até então dissimulada, de forma bárbara se espalhou. Vertiginosamente, atingiu povos de todas as nações. Não fez distinção. Deixou pessoas atemorizadas, profissionais de Saúde exaustos e centros de Saúde abarrotados. Não havia unidades de terapia para todos. Escolhas cruéis foram necessárias. Vidas foram elegidas. Mortes, sentenciadas.
Pesquisadores, sem tardar, iniciaram estudos na busca de tratamentos preventivos e terapêuticos. Uma corrida contra o tempo. Medicamentos controversos foram indicados e vacinas, produzidas em tempo exíguo, surgiram, provendo um mínimo de esperança a todos nós.
Saímos da escuridão, mas ainda estamos na penumbra. O horizonte é incerto. O trecho lameado nos deixa vulneráveis. Contudo, sejamos fortes e fervorosos. Tenhamos fé. Tudo tem um propósito e a mensagem está posta. Cabe-nos interpretá-la: aqueles que se achavam melhores ou mais importantes, se atentem, somos insignificantes perante Deus e seus desígnios. A arrogância, o egoísmo e a soberba devem ser abolidos da nossa vivência.
Devemos praticar tolerância, solidariedade e empatia. Nossos maiores problemas eram tão insignificantes, reles obstáculos rotineiros e de fácil transposição. Valorize a família e olhe pelas pessoas queridas. Para quem achou que não tinha tempo, o mundo parou para mostrar que a vida é um sopro e que cada minuto pode valer uma eternidade. No final das contas, apenas uma certeza. Vai passar! Passarinho passará!
Fernando Hueb de Menezes - Cirurgião-dentista, professor e pesquisador da Universidade de Uberaba [email protected]
