O Brasil chora seus mais de 200 mil mortos por Covid-19. Muitos deles por falta de atendimento e até de oxigênio, o básico para se manter a vida.
Chora a insistência governamental em apontar como solução o tratamento precoce que foi desaconselhado, literalmente, pela Anvisa, a agência reguladora dos medicamentos no país.
O Brasil lamenta os débeis esforços para nos imunizar, a negativa ocorrida em outubro passado de se comprar um lote de vacinas pelo simples motivo de não dar visibilidade a um adversário político, e as desastradas ações no campo logístico, área em que o ministro da Saúde se diz expert.
E assiste apavorado, devido ao escasso número de vacinas no país, ao ressurgimento do jeitinho brasileiro, que concede privilégio às autoridades e aos amigos do rei, furando filas, sem pejo nem dignidade.
O Brasil chora o negacionismo, o ufanismo e as declarações raivosas de uma parcela da população cega e insensível, que se tornou massa de manobra dos que insistem em se manter no Poder através de atitudes que passam longe do respeito, da solidariedade e do amor ao próximo.
Lamenta a insuflação do conflito, os debates inúteis entre familiares e amigos que só fortalecem os que se locupletam da autoridade, das mordomias e da glória finita e ilusória.
O Brasil chora e assiste aos arremedos de golpe, à tibieza das instituições que hesitam em agir, aguardando o momento oportuno às custas de muito sofrimento do povo brasileiro.
Enfrentar a pandemia, algo inédito em nossas vidas, já é tarefa hercúlea que demanda equilíbrio e paciência. Agora, enfrentá-la tendo à frente do país um presidente inepto, despreparado e insensível, sem sequer uma palavra de solidariedade e união ao seu povo, é uma prova dificílima, que só venceremos à luz da ciência e da cobrança sistemática às autoridades constituídas.
Omissão também custa vidas.
Marcia Moreno Campos
Uberaba, 22 de janeiro de 2021