O campo emocional da construção da personalidade está repleto de pais e professores bem-intencionados, que almejam formar mentes livres, usando técnicas erradas que asfixiam a segurança, a ousadia e a resiliência, o que favorece a formação de jovens frágeis, conformistas, escravizados aos próprios conflitos.
Pais e professores que desejam formar jovens capazes de debater ideias existem, mas é mais frequente a formação de adolescentes tímidos e cheios de medo do que os outros pensam deles.
Torna-se necessário estabelecer mudanças na forma de educar.
O ser humano passa um tempo significante de sua vida, da pré-escola à graduação, em estabelecimentos educativos com educadores e com os pais e, no entanto, chega à idade adulta emocionalmente imaturo, incapaz de controlar sua ansiedade, incapaz de proteger suas emoções, incapaz de usar sua sabedoria e de reciclar suas necessidades neuróticas como a de estar sempre certo e de ser o centro das atenções.
A formação de filhos inteligentes e generosos é fundamental, mas exige educadores brilhantes e eficientes. No entanto, o mais comum, como resultado de formas ineficientes de educar, são educandos ansiosos, egocêntricos e expectadores passivos.
Promover a capacidade de gestão da emoção dos jovens para que sejam autores de sua própria estória, pacientes, autônomos, seguros, proativos, carismáticos, estáveis, ousados, empáticos, capazes de aplaudir a vida deveria ser o objetivo de toda a educação, com respeito à cultura de cada país e de cada povo.
Esse tipo de educação e formação previne transtornos emocionais, homicídios, suicídios, guerra, corrupção, discriminação, qualquer tipo de violência, pacificação de conflitos, preservação do meio ambiente.
Tudo de bom, não?
Educar é uma tarefa de extrema complexidade que exige diálogos emocionalmente inteligentes.
Diálogos emocionalmente inteligentes devem substituir repetição das mesmas palavras, repetição das mesmas advertências, o que não coloca limites, mas estressa o cérebro de filhos e alunos.
Diálogos emocionalmente inteligentes abraçam mais e julgam menos, são menos desanimados e mais audaciosos.
Diálogos emocionalmente inteligentes encantam mais e desencantam menos.
Diálogos emocionalmente inteligentes exaltam os comportamentos saudáveis, os acertos, antes de apontar erros e falhas.
Diálogos emocionalmente inteligentes elogiam antes de punir, ensinam a pensar e a ter consciência crítica, colocam limites com afeto e não com rancor.
Diálogos emocionalmente inteligentes propiciam o autocontrole, a autoestima, o altruísmo, a ousadia, a resiliência.
Sandra de Sousa Batista Abud
Psicóloga clínica - [email protected]