FALANDO SÉRIO

Da sobrevivência à morte: relações que deprimem e a importância de acreditar em algo maior

Wellington Cardoso
Publicado em 17/07/2019 às 18:41Atualizado em 17/12/2022 às 22:37
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François Silva Ramos – Redator interino

Jornalista, mestre e doutor em ciências da Educação, Pós Doutor em Psicologia 

Viver no século XXI é um desafio constante. Aqueles que nasceram nos anos 1970, ou antes, viram a amizade sincera se transformar em relação de interesses, a paz no caminhar pelas ruas da cidade ceder espaço para a violência, o respeito sucumbir perante a uma sociedade que abraça a ausência de valores como sinônimo de liberdade. O amor limitou-se ao sexo e a poesia abandonou a realidade após ser expulsa por um grotesco repertório cultural.

Tudo parece ter ficado mais difícil. Afinal, como registrou Mário Quintana “a vida fica muito mais fácil se a gente sabe onde estão os beijos de que precisamos”.

Ocorre que a complexidade das relações contemporâneas nos priva até mesmo do tempo e da disposição necessários para encontrar esse afago amigo nos momentos mais obscuros.

Na vida pessoal, a inconsistência das relações e sua superficialidade distancia o ser humano daquilo que realmente importa: sentir-se bem. No trabalho, a competição verificada em tempos de escassez de emprego se encarrega de promover mais danos ao nosso estado emocional. De colegas maldosos e desleais a “chefes” que parecem andar de braços dados com o “capeta”, parece existir uma conspiração constante para destruir o nosso dia ou até mesmo a nossa vida.

As situações ficam ainda piores quando o discurso promovido pelo mercado cobra que você estude, se aperfeiçoe, seja proativo e flexível, mas parece valorizar aquele que foi indicado por alguém importante, desprovido de conhecimento para questionar, incapaz de fazer algo sem que a ordem lhe seja dada e sempre disponível para o eterno exercício de bajulação que já se mostrou capaz de fazer ruir impérios.

Enquanto um empregado ruim pode ser dispensado, chefes ruins são capazes de adoecer aquele que precisa sobreviver e depende do trabalho para manter a família. As provas diárias que todos enfrentam muitas vezes parecem intransponíveis. Neste contexto estudar é um ato de resistência.

A boa notícia é que se você pensou que um trabalho ruim dura pra sempre se enganou. Em toda a minha vida profissional tive dois chefes que me fizeram duvidar de mim mesmo, da minha capacidade de vencer e até mesmo de Deus. Cada qual em seu período transformou minha vida em um verdadeiro inferno. Fizeram me sentir muito mal, um sentimento depressivo que cresceu dia após dia. Até um ponto de saturação em que precisei de ajuda.

Encontrei essa ajuda em Deus. Não em uma religião, mas naquele Ser capaz de nos inspirar a superar qualquer obstáculo. Primeiro Ele me ouviu, depois me amparou. Minha desesperança disse adeus quando senti a força de suas palavras: afaste-se daqueles que lhe fazem mal, ignore suas ofensas, tome posse do milagre, pois a hora da vitória chegou.

A tortura imposta diariamente pelo meu primeiro chefe ruim, alguém que desejava colocar “um amigo” no lugar que eu ocupava, culminou com meu abraço à docência do ensino superior, uma das melhores coisas que Deus me reservou. Já são doze anos no gratificante trabalho de ensinar e aprender.

O terror imposto pelo segundo chefe ruim da minha vida, uma pessoa que sempre se aproveitou de tudo o que eu representava e produzia em momentos estratégicos do seu contínuo exercício de autopromoção e vaidade, piorou com intensa perseguição a cada evolução em meus estudos e qualificação profissional.

Essa “liderança” negativa conseguiu me fazer odiar o local em que eu trabalhava, duvidar de tudo e de todos que partilhavam aquele espaço comigo e despertou em mim um pavor verdadeiro de sair de casa para trabalhar. Mas graças a Deus tudo o que é ruim um dia também termina! Abri meus olhos para a necessidade de jamais esperar reconhecimento de onde nunca virá, de insistir em mudar o que depende do outro e, finalmente, partir para uma nova etapa.

A vitória chegou! Ela chega sempre, mas pra isso, é preciso deixar algo maior inspirar a nossa vida. No meu caso, foi Deus quem entrou no meu coração e fortaleceu o meu espírito. Pelo menos duas vezes Ele me provou que uma história que tinha tudo para ser triste pode mudar. O tempo de chorar passou e a prosperidade foi bem-vinda em casa.

É claro, que um desafio é sucedido por outro. Faz parte do próprio ciclo da vida. Por vezes, na correria do dia a dia nos esquecemos do que realmente importa. Não estou falando apenas de Deus ou da presença de algo maior em que você acredite, mas da família, dos amigos verdadeiros, das pessoas que sempre têm uma mensagem positiva para nos impulsionar adiante.

Algumas lições básicas, aprendidas com as experiências diárias e por intermédio da sabedoria de nossos pais, podem ajudar muito a consolidar uma vivência mais tranquila. Por exempl Alguém que agride os pais vai respeitar a integridade de sua esposa ou esposo? Pode até parecer uma questão preconceituosa, mas não construímos uma vida harmônica pautados em exceções. A regra normalmente mostra o caminho mais ameno.

Perdão? Ajuda a nos afastar daquilo que nos prende a algo ruim de nossa vida! Liberte-se. Ore por aqueles que pioram a sua vida, mas se afaste deles. Perdoar não é dar oportunidade para que lhe façam mal novamente. É virar uma página ruim da história e se permitir seguir em frente.

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