RENATO ABRÃO

Os estragos invisíveis do Covid-19

Publicado em 16/05/2020 às 10:18Atualizado em 18/12/2022 às 06:22
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Bom dia, leitores do Jornal da Manhã.

Hoje vamos falar de estragos que o novo coronavírus está causando e que estão passando de maneira imperceptível pela maioria de nós. Já estamos escolhendo, sem perceber, quem vai utilizar os respiradores na UTI. Basta ir a uma clínica de patologia e ver quantas biopsias eram feitas há um ano atrás e quantas estão sendo feitas agora. Já conseguimos prever em médio e longo prazo uma nova onda de mortes evitáveis, que estão a caminho.

Ao deixarmos de diagnosticar precocemente vários tipos de tumores, estamos deixando não só de oferecer a possibilidade de cura para a maioria dos casos, mas também a possibilidade de tratamentos mais simples. E, para que seja possível esse diagnóstico precoce, não resolve só o oncologista estar liberado para atender, precisamos de rotinas médicas. Rotina no ginecologista, no urologista, no proctologista, no gastroenterologista, entre vários outros especialistas. E não somente de mortes por cânceres que estou falando, casos como apendicites leves que vão se agravar, anginas que evoluirão para infarto agudo do miocárdio, dores de cabeça que podem estar escondendo um aneurisma, enfim, vocês percebem a dificuldade que existe em classificar urgências médicas? Medicina não é uma exata! Na maioria das vezes o paciente é assintomático, e as descobertas são achados de exames de rotina. Portanto, estamos, sim, escolhendo quem tem o direito de usar os respiradores. Ao proibir as rotinas médicas, ao proibir os exames de imagem de rotina, ao achar que tudo pode esperar passar essa pandemia, que nem sequer sabemos se vai passar, estamos dando preferência a um paciente frente a outro. O paciente está com medo de procurar por ajuda ou, quando procura, nem sempre consegue a ajuda.

Temos que ter em mente que o vírus é permanente, basta ter sobrado uma pessoa contaminada para ele se replicar e contaminar de forma exponencial novamente. Temos que entender que a quarentena era para dar tempo para o sistema de saúde se preparar para receber os casos mais graves. Mas, temos que entender que pelo menos 70% de nós precisamos enfrentar esse vírus para que criemos um efeito de barreira natural. Antes disso teremos curvas e curvas do vírus. O que vamos precisar é ter responsabilidade ao sair de casa e fazer isso quando houver necessidade.

É preciso politizar menos o vírus e aplicar um olhar mais panorâmico de todo o contexto que envolve essa pandemia. É preciso entender que não se pode ter medo do vírus, mas sim respeito por ele.

Um bom domingo a todos!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do JORNAL DA MANHÃ. O conteúdo é de responsabilidade exclusiva do autor. 

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