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COVID19 e as medidas em andamento no Brasil

Antônio Luiz Veneu Jordão
Publicado em 24/03/2020 às 17:10Atualizado em 18/12/2022 às 05:10
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Neste momento em que o Brasil está há, mais ou menos, uma semana em quarentena, começam a circular pela internet opiniões contrárias à essas medidas, emitidas por pessoas de notório saber econômico, coincidência ou não, alguns empresários que sofrem grandes perdas financeiras, seja nas Bolsas de Valores, seja nos faturamentos das suas empresas.

Alegam, por exemplo, que as perdas de vidas humanas em acidentes de trânsito são muito maiores e nunca foram dignas de uma medida tão restritiva. Alertam que a retração econômica irá causar mais mortes que o vírus.

Então, baseado nas estatísticas de contágio da presente pandemia, passo a apresentar alguns números e proponho a vossa reflexão.

Acordamos hoje, 24/3, num mundo ultrapassando as marcas de 386 mil pessoas infectadas e 17 mil mortes. Isto nos dá uma taxa de letalidade, neste momento, de 4,4% entre os infectados. A população mundial hoje está em torno de 7,8 bilhões de pessoas.

Não seria razoável, com vistas ao desempenho da economia mundial, reduzirmos em qualquer grau que seja a quarentena e aceitarmos, por exemplo, que 30 ou 40% da população mundial fosse infectada e tivéssemos esse ano a perda de algumas centenas de milhões de vidas. Veja o quadro a seguir. Cenários sem contençã

% da população infectada

Mortalidade (4,4%)

20%

68 milhões

30%

102 milhões

40%

136 milhões

50%

204 milhões

60%

204 milhões

70%

238 milhões

Qual seria o impacto desses cenários para essa mesma economia global?

No Brasil, números finais de ontem, temos 1.891 casos confirmados e 34 vítimas fatais. Isto nos dá uma taxa de letalidade, neste momento, de 1,8% entre os infectados. Somos cerca de 210 milhões de brasileiros.

Devido às severas características de contágio do coronavírus, sem uma quarentena como a que estamos nos submetendo aqui e em todo o mundo, estaríamos aceitando que os mesmos 30 a 40% dos brasileiros se infectassem. No quadro a seguir números para o Brasil. Cenários sem contençã

% da população infectada

Mortalidade (a 1,8%)

Mortalidade (a 4,4%)

20%

756 mil

1,85 milhões

30%

1,13 milhões

2,77 milhões

40%

1,5 milhões

3,7 milhões

50%

1,9 milhões

4,6 milhões

60%

2,3 milhões

5,5 milhões

70%

2,6 milhões

6,5 milhões

Comparar esses números a estatísticas de trânsito no Brasil (entre 30 e 40 mil vidas perdidas por ano) é, no mínimo, uma grande impropriedade.

E certamente qualquer desses cenários traria um desastre econômico sem precedentes.

O momento é de serenidade e confiança nas autoridades representativas dos governos federal, estaduais e municipais. Pequenas diferenças, todas elas estão seguindo o que os especialistas em infectologia e saúde pública orientam. O mundo inteiro está enfrentando esta mesma crise. A comunicação global já vem ajudando a compartilhar conhecimentos e aprimorar medidas de combate ao COVID19.

Reduzir severamente a aglomeração de pessoas é fundamental, neste momento, para reduzir o contágio e possibilitar o atendimento de saúde aos infectados mais graves.

Sacrifícios econômicos serão necessários a todas as nações, e alternativas estão surgindo e surgirão para melhorar a resposta da sociedade à pandemia.

Da mesma forma, serão muitas as alternativas e inovações que irão ajudar a recuperar nossa economia.

Não há que haver pânico, mas atenção e calma. Busquemos a informação nas melhores fontes técnicas e credenciadas. É momento de ponderar antes de agir e de cooperar com as autoridades governamentais e sanitárias.

Essa crise será superada e, com a colaboração de todos, teremos o mínimo possível de perdas humanas. 

Antônio Luiz Veneu Jordão é especialista em gestão de riscos e gestão estratégica. Capitão-de-Fragata RM1 da Marinha do Brasil e Assessor Especial da Reitoria da UFTM, trabalhou no Conselho Nacional de Defesa Civil nos grupos trabalho contra as pandemias da gripe suína e da gripe aviária.

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