No serviço público brasileiro há os cargos de chefia que só podem ser ocupados por servidores de carreira – são as funções gratificadas (FG) – e aqueles chamados de direção e assessoramento superior (DAS), que podem ser ocupados tanto por servidores quanto por pessoas externas ao serviço público. Esses últimos, conhecidos como cargos de confiança nos governos, são objetos de desejo de muitos, disputadíssimos, e nem sempre preenchidos por mérito e competência. Tem até uma piada que circulou muito que fala do pedido de um pai a um político amigo para empregar seu filho. Pedido prontamente atendido com um alto cargo de chefia. Desconfortável com tal regalia, o pai argumenta que o filho não tem experiência para ser chefe e que só almeja alguma indicação em início de carreira para trabalhar com afinco. Diante disso, o político responde que a ser assim, somente mediante concurso.
De campanha em campanha, as promessas de redução dos cargos de confiança surgem e somem num piscar de olhos. Os eleitos cortam em algumas áreas mais como propaganda de governo do que por gestão eficiente, e incham outras com apadrinhados ideológicos. Uma lástima. Sempre atribuí aos chefes uma grande importância, tanto no serviço público como no privado. Chefia é missão. Um bom chefe sabe conduzir e motivar seus subordinados com competência e exemplo, jamais vaidade e arrogância, ou displicência, no caso de indicações não meritórias. Quem assim o faz vira realmente parasita do sistema público, ao contrário daqueles que aprovados em concursos trabalham com paixão e dever.
Semana passada duas pessoas me procuraram para reclamar de serviços de limpeza e capina em áreas diferentes de nossa cidade. Segundo elas, faltou coordenação, pois, na praça Santa Teresinha, enquanto um funcionário varria um espaço, outro soprava folhas no mesmo lugar logo após a varrição, fazendo com que o serviço do primeiro fosse inócuo. Já na avenida da Saudade, a capina ficou a desejar, pois restos de mato foram deixados para trás, demonstrando ausência de supervisão. Nos dois casos, o esperado trabalho dos chefes foi delegado aos atentos cidadãos pagantes do serviço.
Acho que nós, eleitores e pagadores de impostos, merecemos mais consideração por parte dos governos municipais, estaduais e federal.