ARTICULISTAS

Amores Líquidos

O que houve com essa geração de jovens dos anos 90, que, por não saberem se frustrar e tolerar

Larissa Alves Correa
Publicado em 04/01/2019 às 18:39Atualizado em 17/12/2022 às 16:58
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O que houve com essa geração de jovens dos anos 90, que, por não saberem se frustrar e tolerar, tratam as pessoas como mercadorias? Vivemos tempos líquidos.

Nossa sociedade é tomada por seres humanos sem vínculos, corroídos pela insegurança e livres de compromisso. Nunca houve tanta liberdade para a escolha de parceiros, a qualidade perde lugar para quantidade. E para os jovens o mais importante é beijar o máximo de bocas possíveis, movidos por um impulso tão grande quanto o de comprar algo novo.

O amor líquido representa a fragilidade dos vínculos humanos, o sentimento de insegurança que ela inspira e os desejos conflitantes de apertar os laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos. As relações não são feitas para durar, sendo assim chamadas de "relações de bolso". Onde pode-se usar o outro quando necessário, e depois guardar para utilizar novamente em outra ocasião. As relações terminam na mesma rapidez com que começam, o amor romântico está fora de moda. Estamos fadados à solidão na velhice. É esse o único caminho possível, diante de uma geração que se diz “desapegada”. O apego tem que existir, precisamos nos apegar a alguém. O apego é visto, atualmente, como sinal de fraqueza, sem perceber o quão frágil somos trancados em nossos quartos, afogados em solidão e com um medo irracional de qualquer relação sentimental. Transformamos o outro em um produto disponível para consumo emocional; propagando a miséria, a indiferença e evitando qualquer responsabilidade que não a conosco mesmos. Nos tornamos seres humanos ansiosos, irritáveis e seguimos firmes na saga de não querer entrar no território chamado convivência. Não existem relações sólidas e duradouras. Muitos de nós não teremos histórias de superação para contarmos aos nossos filhos, nem tampouco saberemos explicar-lhes com clareza sua árvore genealógica. Precisamos urgentemente rever nossos conceitos de AMOR. Pois em tempo onde a vida individual está cada vez mais longa, talvez valesse a pena investir em um amor durável, constante e compromissado.

(*) Estudante

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