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Babás virtuais

Ani e Iná
Publicado em 31/03/2022 às 19:18Atualizado em 18/12/2022 às 23:15
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Com a entrada das mulheres no mercado de trabalho, surgiu a necessidade de ter uma pessoa para cuidar de nossos filhos e filhas. Muitas vezes, colocávamos meninas indicadas por amigas e familiares, que se tornavam parte integrante da casa. Eram as babás. Brincavam, inventavam jogos e se divertiam com nossas “pimentinhas doces”. Estudavam de manhã e tinham todo o tempo livre. Aos domingos, voltavam para suas casas, e acertávamos a semana com suas mães. Muitas vezes, voltavam sujas, com piolhos e era necessário um banho, toda a higiene. Que trabalhão! Quantos perrengues vivenciamos! As ditas baby-sitters, nos seus onze e doze anos, eram crianças, por isso, muitas vezes, entravam em brincadeiras perigosas. Lembramos que passeavam com nossos filhos, que as amavam. Algumas vezes, levavam saquinhos de plástico transparente para pegar girinos em um “Corguinho” e voltavam felizes com muitos daqueles “peixinhos”. Descobrimos a gravidade da pescaria quando um deles voltou sem os chinelinhos, levados pela correnteza.

Depois, surgiram as babás mocinhas, que, sem nenhuma referência, entravam em nossas casas com liberdade e íamos trabalhar na total confiança. Muitas de nós tivemos sorte e não houve prejuízos para os nossos pequenos, mas sabemos de outras mães que só tiveram conhecimento dos estragos que essas patuleias faziam depois que foram dispensadas. A criança era “dopada” com Novalgina para dormir o dia todo, enquanto ela assistia à TV. O bebê era preso em um “chiqueirinho” e a salafrária ia namorar ao telefone, ou dentro da casa. Sem nenhum estímulo, essas crianças apresentaram atraso na coordenação motora, na fala e na linguagem. Algumas eram agredidas com tapas e xingamentos, provocando confusão mental. Sabemos de mães que retornaram de seus trabalhos e nunca mais viram suas filhas ou filhos e nem a falsa aia. Outra jogou leite quente no recém-nascido para ele parar de chorar. Tudo isso numa época em que não havia referências nem câmaras. Hoje, assistimos assustadas ao Jornal Nacional noticiar o mandado de prisão contra a diretora de uma escola infantil. O vídeo, gravado por uma das funcionárias, mostrava, com clareza de detalhes, bebês com braços imobilizados, enrolados em panos, torturados dentro do ambiente escolar.

Agora, estamos com as babás virtuais. As alterações nas configurações familiares, com a saída dos pais para jornadas cada vez mais longas e exaustivas de trabalho, a televisão, ou melhor, a internet se tornou uma ama de baixíssimo custo, já que está nas casas e não exige grande comprometimento na rotina. Não se paga décimo terceiro, nem tem férias, e muito menos existem reclamações! Não gostou?! Pega o controle, muda o canal e você tem muitas delas e deles para cada gosto infantil! Com tudo isso, boas-vindas às vanguardistas babás!...

Apesar de serem na tela, são mais confiáveis, pois basta que para isso os pais coloquem programas bem projetados. Podemos afirmar que a televisão é a saída mais rápida para a socialização necessária. Na internet, com os joguinhos, as crianças interagem umas com as outras, desenvolvendo sua linguagem. Além de melhorar a coordenação motora, trazem regras, informações complexas e a necessidade de raciocínio rápido, aumenta a memória, a velocidade do cérebro e concentração. Os jogos eletrônicos são uma ferramenta importante na construção da escola do futuro. Na educação infantil, por exemplo, os estudantes podem aprender a conhecer as letras, fazer contas básicas, colorir, criar desenhos.

Olhar a criança à distância? Pode parecer um conceito estranho, mas já se tornou realidade. As empresas de tecnologia começaram a trabalhar em uma soluçã profissional, quase sempre mulher, para cuidar de crianças ou bebês. O serviço foi concebido para que a mãe ou o pai possam trabalhar em casa, enquanto outra pessoa, por meio da tela do computador, mantenha os filhos ocupados.

Nesse “mundo loco”... cancelamos as babás presenciais e adicionamos as virtuais.

Está só começando!... Confiamos nelas!!!

Dois beijos...

Ani e Iná

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