ARTICULISTAS

O terceiro olho

Ani e Iná
Publicado em 29/12/2021 às 18:00Atualizado em 19/12/2022 às 00:32
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O ano está quase acabando e não é de se surpreender que o corpo e a mente estejam esgotados. É hora de entender o quão potente e transformador é aquilo que nasce dentro da gente. A fé e a força.

Assistindo à TV, chamou-nos atenção a reportagem da Fibrarte sobre a decoração regional de Natal, em Missão Velha, no Ceará. Um presépio montado no centro da cidade, feito por um artesão local, com o tronco das fibras da bananeira.

Mulheres valentes sustentam suas famílias com a produção de uma infinidade de peças, feitas dessas fibras naturais, que demonstram criatividade, liberdade e bom gosto. Gratidão por terem encontrado um foco para suas vidas. Paixão e sustento!

Pessoas com mentes agitadas costumam respirar muito rápido. O trabalho manual ajuda a tornar nossa respiração mais lenta, que funciona diretamente para a mente. Ela se divorcia da inquietação. Quanto mais nos concentramos, melhor usamos nossas habilidades. Afinal, sem foco é muito difícil manter uma dieta, ou tirar uma ideia do papel.

Nos tempos de criança, fazíamos nossas bonecas de pano e, para nós, eram as mais queridas e perfeitas. Cabelos de sacos de linho, olhos bordados de preto, boca vermelha, eram um encantamento absoluto. Os meninos faziam dos carrinhos de rolimã o seu brinquedo preferido. Havia algo a mais nesses nossos folguedos – uma capacidade intuitiva e a percepção sutil. O terceiro olho. Na cabala significa sabedoria.

Existe algo muito bonito acontecend a valorização do que é feito à mão. Estamos nos desconectando do preconceito de que o artesanato é algo primitivo, sem valor, o que chegou com força total, valorizando o humano, e não mais o industrial, como antes. Há o surgimento de artesãos e artesãs e, também, um novo olhar para o “armazém de tradição” (aquele de nossos avós). Trabalhado com afeto, amor, uma conexão entre o mundo real e o mundo espiritual.

Esta é uma arte milenar que vem se aprimorando. Quantas costureiras, ceramistas, rendeiras, tecelãs, bordadeiras custearam uma educação melhor para seus filhos atrás de uma máquina de costura ou de bordados! Entidades filantrópicas estão se mantendo com seus bazares pelas mãos habilidosas de mulheres que colocam em suas peças toda a delicadeza, capricho e afeto. Trabalham horas seguidas, dias, para ajudarem os mais carentes e afirmam com emoção que elas ganham o mais importante na vida: a felicidade!!!

O artesanato toca mais o nosso coração. Nunca compramos uma peça por puro impulso, mas porque ela tem sentido. No “pegar” com as mãos existe uma energia forte sob a influência do terceiro olho, que eleva nossa percepção e clarividência.

Arriscamos certa vez a abrir um comércio de flores artesanais. Cada arranjo era uma nova criação! Colocávamos alma no que fazíamos! Notamos que era preciso uma grande produção! Não conseguimos manter o negócio! Quando o artesanato se torna uma atividade industrial, muita coisa se perde. E o ofício é solitário, cada peça é uma obra de arte individual e única!

Sabemos que a criação, a arte e a música têm a capacidade de despertar o terceiro olho, considerado por algumas tradições esotéricas, por meio de um contato com o mundo espiritual, o olho que tudo vê. Já no século XVII, o filósofo René Descartes defendia que a glândula pineal seria a “morada da alma”.

Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Nós temos em nossa essência uma faísca divina. Amar ao próximo como a si mesmo significa estar disposto a dar de si pelo bem geral. Assim como os voluntários e as voluntárias das artes – artesãos e artesãs do amor –, só usando o terceiro olho é que nossa alma será liberta!

Dois beijos...

Ani e Iná

 

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