ARTICULISTAS

"Mais cor, por favor!"

Ani e Iná
Publicado em 10/11/2021 às 18:48Atualizado em 18/12/2022 às 16:44
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Há alguns anos, um grupo de intelectuais e escritores de Uberaba, liderado por José Mendonça, Edson Gonçalves Prata e Monsenhor Juvenal Arduini, idealizou fundar uma Academia, onde poderia reunir-se com a finalidade de preservar a cultura da língua e da literatura, especialmente do Triângulo Mineiro, além de promover o estudo dos problemas sociais e científicos, a união dos intelectuais do Brasil Central, a difusão de suas obras e conhecimentos gerais.

Atualmente, a Academia de Letras do Triângulo Mineiro tem como sede o majestoso prédio na rua Lauro Borges, 347, sob a presidência de João Eurípedes Sabino. Fundada em 15 de novembro de 1962, comemora este ano seus 59 anos de existência e nos pediu um presente: “Mais cor, por favor!”

Como não poderia deixar de ser, foi atendida! E o belo “Casarão das Letras” adquire vida, respeitando as normas do Patrimônio Histórico. A bela Academia, com arabescos em alto relevo em suas paredes centenárias, destaca-se em um local privilegiado, povoado de árvores, passarinhos, flores, rosas e o busto de Mário Palmério, um dos mais ilustres uberabenses. As nuances do amarelo-canário e a singeleza do branco retratam as cores originais, com que o primeiro proprietário, Raimundo Soares de Azevedo, mandou pintar em 1914. É um trabalho lindo, lento processo, de uma paciência oriental. Será um dos cartões-postais das Academias do Brasil.

Somos quarenta acadêmicos e sócios correspondentes, uma equipe que enfrenta desafios fazendo com que as questões da literatura interajam com as perspectivas da criação de projetos junto à comunidade e região. A maioria dos intelectuais tem a percepção da importância de trabalhar com os desafios, projetos culturais que amplifiquem suas vozes para perpetuarem as memórias e histórias, como fator decisivo para que aconteça algo importante e original.

Na interação com os confrades, precisamos construir relacionamentos a todo instante. Ao longo do tempo, sem perder o ideal da ALTM, que é o aprimoramento da língua, houve mudanças na conversa: a influência que a tecnologia acarretou nas práticas de leitura literária, com livros e cadernos digitais; mudança na escrita, etc.

E isso só foi possível devido a uma equipe que olha o outro, que ouve o outro, que aceita o outro como quer ser. Nesses 59 anos de existência, o trabalho em grupo e a criação de ações coletivas fazem parte do “Templo do Saber”.

Lembramos que tivemos a felicidade, a convite de nossa prima e poetisa Eva Reis, de participarmos de uma reunião na Biblioteca Municipal, onde funcionava a ALTM, um simples e pequeno espaço, que tinha Mário Salvador como presidente. Durante 22 anos, com muito amor e resiliência, organizava as reuniões. Abraçou-nos com seu grande companheiro e ilustre acadêmico Pedro Lima.

Lá encontramos Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, Dom Benedito Ulhôa Vieira, Monsenhor Juvenal Arduini, o casal Erwin Puhler e Eunice Puhler, Terezinha de Menezes, Dr. Sebastião Teotônio Vilela, padre Prata e muitos outros, que nos levaram muito além. Nunca mais saímos da Academia de Letras. Um templário! Nós nos tornamos acadêmicas pelo simples fato de estarmos com aquele grupo de literatos. Em cada reunião era um caminho em direção a nós mesmos, o que trazia suavidade para a rotina e para a alma. Ali era o nosso lugar, libertador! Sentimo-nos concertadas a esse local de amorosidade, de leveza e de gentileza conosco. Houve um despertar dentro de nós. Estar com eles era a plenitude. Uma luz interna.

Na nossa história de vida, temos um olhar de gratidão por essa instituição cultural, pois foi nesse “templo” que descobrimos que viver com a poesia, a literatura, afinal, é a maior riqueza da vida.

Nas comemorações de aniversário, será lançado o número 32 da Revista Convergência Digital, uma das publicações oficiais mais antigas realizadas pelas Academias de Letras de todo o Brasil, como também será exposto o livro de nosso saudoso confrade Luiz Gonzaga, Ferradas e Ferroadas, na livraria Lemos e Cruz, além de textos e artigos em revistas e jornais alusivos à data.

Quando passarmos pela rua Lauro Borges, estará o “Casarão Literário”, marco central de Uberaba. Vamos olhar para sua imponência e beleza, revivendo as lembranças essencialmente emocionais que fervilham em nossa alma. Um olhar de surpresa, de admiração, de saudade, de gratidão.

Parabéns, Academia de Letras do Triângulo Mineiro!...

Dois beijos...

Ani e Iná

 

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