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Cinderela baiana

Ani e Iná
Publicado em 13/07/2020 às 18:27Atualizado em 18/12/2022 às 07:50
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Para falar de Maria Martha Hacker Rocha, antes de mais nada, vamos estender o tapete vermelho e deixar a "diva" passar.

De origem simples, nascida em Salvador, miss Bahia, com suas invejáveis curvas no maiô Catalina, olhos cor de esmeralda, no hotel Quitandinha, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, viu sua vida transformar-se quando foi eleita a mais perfeita brasileira.

Logo depois de chegar aos Estados Unidos para disputar o “Miss Universo”, os holofotes se viraram para ela, tornou-se a favorita nas casas de apostas para vencer o concurso. No entanto, ficou em segundo lugar, perdendo para a americana Miriam Stevenson.

Alguns jornalistas da época alegaram que foi por 2 polegadas a mais nos quadris, uma lenda, desmentida mais tarde pela miss.

De volta ao Brasil, tornou-se referência nacional de beleza!

Marta Rocha brilhou! Em uma época em que a miss não era feita para pensar, para se posicionar, para transgredir, ultrapassar os limites definidos como corretos por uma sociedade (na época machista e conservadora), mas para embelezar plateias e festas.

Os tempos mudam, os anos passam e comportamentos antes não aceitos transformaram os concursos de misses em um grande diferencial. Na atualidade, muitas delas saem na frente com bandeiras e beleza, outras se mostram ativistas por alguma causa.

E assim Marta Rocha estrelou com seu brilho intenso, sua luz e sua beleza.

O pensamento machista imperava, atribuindo ao homem sustentar a casa, enquanto a mulher era submissa à vontade masculina. A sensação de ser "viril" e autossuficiente, o conceito associado a um forte senso de orgulho masculino, era a cultura da época, e assim nossa cinderela passou a vida amparada por um homem que dela cuidava, cercada de mimos e paparicos.

Grande frequentadora da Casa Canadá, concentração do high society carioca, um dos seus locais preferidos. Nos anos dourados, tendo o Rio de Janeiro como berço, a Casa Canadá de Luxe era o endereço certo das senhoras da alta sociedade carioca – para cada jantar, uma roupa.

Como toda história encantada, um dia nossa cinderela perdeu o sapatinho de cristal e acordou de seu mundo de sonhos e fantasias. O sonho acabou, mas Marta Rocha – como o próprio nome – carregava dentro de si uma "rocha", virou a página, pintou quadros, vendeu, foi fazer parte de júris, entrou na dança da vida com a cabeça erguida, sem apelação. Foi soberba, foi personalíssima!

"Meus amores, estou trabalhando honestamente, vendendo meus quadros para me sustentar e ganhando cachê para divulgar o concurso Miss Brasil."

Em 2019, revelou em seu Facebook que, por dificuldades financeiras, estava vivendo num lar de idosos.

Como em toda história de cinderela existe um espelho mágico, Marta Rocha perguntou:

– Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu?

– NÃO, MINHA RAINHA! VOCÊ É A MAIS BELA!

Dois beijos...

Ani e Iná

 

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