ARTICULISTAS

Tempo Rei

Ani e Iná
Publicado em 25/04/2020 às 10:23Atualizado em 18/12/2022 às 05:52
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Como bem dizia Cazuza: "O tempo não para. Não para não, não, não, não para!" Não para mesmo! Nem para nós que estamos confinados. A vida segue inevitável, nossos corações e mentes simplesmente seguem adiante!

Existe uma grande beleza nisso, a valorização de um estado afetivo que ambicionamos guardar no peito, na pele, no sangue. Pois acreditamos que certos momentos são como preciosos presentes que valem a pena ser guardados: uma grande amizade, uma noite inesquecível, aquele dia em que nosso filho ou neto nos disseram "eu te amo", um Natal com toda a família, a primeira vez que subimos em um avião. São tantas as recordações que nos separam do ontem e nos projetam nestes dias de isolamento.

Estamos nos adaptando. É muita coisa! Nossa alma sente frio, calor, medo, vazio, riso e até amor.

Enclausurados, falamos de vidas tão juntas, emparelhadas e, de repente, o que era certo, absoluto, se desfez.

A esperança é nosso carro-chefe, mas precisamos nos livrar da “ditadura da esperança”. Isso mesmo! Dizem que ela é a culpada por não vivermos o presente, por pensarmos exclusivamente no que virá. O “poder da esperança” impede que reconheçamos o que está acontecendo.

Em nossa infância, vivíamos nos pomares, pé no chão, ou brincando nas ruas com amigos. Atualmente, as crianças devaneiam na esperança de um celular, na esperança de um brinquedo que viram na internet.

O que aconteceu com nós mesmos?

Agora, temos tempo de sobra para o “poder” que o dinheiro não compra. Vamos conversar com a enigmática e inovadora Clarice Lispector, conduzir-nos por matagais inexplorados da imaginação no Chapadão do Bugre, declamar a poesia intimista e visceral de Cecília Meireles, infiltrar na vida do grande escritor Machado de Assis, viajar nos braços da literatura, ir embora para Pasárgada com Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, alegrar com a linguagem coloquial de Adélia Prado, aprofundar na singeleza de Cora Coralina, na ousadia de Hilda Hilst, na sensualidade e erotismo de Florbela Espanca, na modernidade de Oswald de Andrade, encontrar com Iracema e com O Guarani de José de Alencar.

Hoje, menos é mais!...

Que tal começar mastigando a garfada atual sem preparar a próxima ou pensar na última – que, graças à esperança, promete ser a melhor?

Dois beijos...

Ani e Iná

 

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