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Sobre ética e honestidade no trabalho

Como podem ser tão desonestos? É o que nos perguntamos a cada vez que abrimos o jornal...

Victor Felipe Oliveira
Publicado em 22/06/2017 às 20:25Atualizado em 16/12/2022 às 12:31
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Como podem ser tão desonestos? É o que nos perguntamos a cada vez que abrimos o jornal e lemos sobre um novo escândalo no cenário político brasileiro. A impressão é de que estamos sendo constantemente roubados e passados para trás, o que acaba gerando um sentimento de revolta e descrença. O resultado pode ser visto nas ruas, nos inúmeros protestos realizados nos últimos anos.

A contínua revelação de casos de corrupção faz com que expressões generalistas, como “todo político é ladrão”, soem cada vez mais verdadeiras, mas talvez seja necessário olhar com um pouco mais de ponderação e pensar em como as atitudes que observamos lá no Planalto podem significar, na verdade, um reflexo do nosso dia a dia.

Particularmente, penso que a política é como todas as outras profissões: há gente honesta e gente desonesta. Independente da ocupação, sempre encontramos pessoas que querem dar o famoso “jeitinho”, que buscam atalhos escusos para chegar aonde querem. Atitudes como essas, infelizmente, não são exclusividade dos políticos.

Às vezes é uma coisa pequena: uma fotocópia para fins particulares que você tira na máquina da empresa. Ou uma caneta que você leva do trabalho para sua casa. Tais objetos representam valores mínimos, especialmente se comparados aos números exorbitantes dos escândalos políticos, mas demonstram, da mesma forma, um desvio de ética no ambiente profissional.

E esses pequenos hábitos – maus hábitos, vale reforçar – podem acabar “evoluindo” para gestos maiores e mais “ousados”. Preferir comprar um DVD pirata em vez do produto original, por exemplo. Comprar uma antena desbloqueada para pegar o sinal de satélite dos canais a cabo; furar fila; esconder um defeito no carro na hora de mostrá-lo a um possível comprador. Eis a bola de neve.

No ambiente corporativo, a corrupção também aparece nas atitudes duvidosas. Mentiras que se contam aos chefes, falsificação de atestados médicos, ausências não justificadas... Tem até gente que pede uma nota fiscal mais alta na hora do almoço, para “lucrar um pouquinho” com o reembolso da empresa.

A pior parte disso tudo é constatar que, possivelmente para todos nós, atos como os exemplificados acima não parecem estar tão longe da realidade, sendo praticados por colegas, familiares, conhecidos e outras pessoas de nosso ciclo de convivência. Como disse certa vez o filósofo e escritor Mario Sergio Cortella, “é necessário cuidar da ética para não anestesiarmos a nossa consciência e começarmos a achar que tudo é normal”.

São essas atitudes oportunistas que, quando levadas a uma maior escala, se transformam nos esquemas de corrupção que lamentavelmente observamos há tantos anos na política brasileira. Mas, felizmente, sempre encontramos aqueles que trabalham duro para conquistar seus objetivos e agem dentro da Lei para chegar aonde querem. Até mesmo na política, vale acreditar que há representantes que podemos considerar honestos, e que estão lá para defender os direitos daqueles que os elegeram.

Por fim, é importante mantermos sempre em mente que, por mais revoltantes que sejam, os gestos desonestos de certas pessoas não podem jamais justificar atitudes desonestas de nós mesmos. A ética deve ser o farol de nosso comportamento, tanto no trabalho como fora dele.

(*) CEO da VGX Contact Center

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