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Se eu fosse você

Márcia Moreno Campos
Publicado em 13/08/2020 às 18:14Atualizado em 18/12/2022 às 08:43
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Conta o Sr. de La Fontaine em uma de suas fábulas, que uma vez Sócrates mandou construir uma casa para si e sua família. No dia da inauguração convidou os amigos e todos, sem exceção, tiveram uma crítica a fazer. Ou censuraram o mau gosto do anfitrião, ou a fachada, ou por unanimidade, o tamanho dos cômodos, que consideraram demasiadamente estreitos. Respondeu-lhes Sócrates: - “Prouvera a Deus que, tal como estão, pudessem ficar cheios de verdadeiros amigos”.

É assim a vida. Sem qualquer esforço para entender o motivo de nossas ações, as pessoas que nos rodeiam palpitam. Se eu fosse você deixaria o cabelo crescer, mudaria de cidade, teria mais filhos, compraria um carro melhor... como se elas tivessem a bula que devemos seguir para ser feliz. Apontam soluções mágicas sem considerar nossas individualidades e fatores outros que nos fazem decidir.

Da mesma forma agem os candidatos a algum cargo eletivo. Ávidos na disputa por votos falam do que desconhecem, expõem os erros dos ocupantes dos cargos pleiteados, e os criticam de forma cruel, propondo soluções mirabolantes para todos os problemas. Sugerem fórmulas milagrosas e a adoção de medidas que soam factíveis para os que desconhecem a realidade do problema. Nós, eleitores, chegamos até a dizer: como é que não pensamos nisso antes? De fora, os candidatos propagam o mundo ideal, investidos de descobridores da roda.

Vem a eleição e um desses sabichões é eleito. Nós já deveríamos ter aprendido onde toda essa sapiência acaba. Promessas não cumpridas, inversão de valores, conchavos em nome da governabilidade, loteamento de cargos que na campanha só seriam ocupados por técnicos, e muito mais. Surgem os pelotões treinados para justificar atitudes que na prática são indefensáveis. E segue tudo igual, eleição após eleição.

Em novembro escolheremos os que vão substituir os atuais mandatários dos municípios brasileiros. Não custa insistir para que todos nós fiquemos atentos às suas propostas. Não existem soluções mágicas e muito do que não foi feito, já foi tentado e não deu certo. Melhor escolher aquele que, com sinceridade, prometa fazer o melhor depois de conhecer todos os lados das demandas, carências e urgências da cidade.

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